Por Michel Rose e Pavel Polityuk
KIEV (Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, primeiro líder de uma grande potência ocidental a se encontrar com Vladimir Putin desde que a Rússia reuniu tropas perto da Ucrânia, disse nesta terça-feira acreditar que medidas podem ser tomadas para diminuir a crise e pediu a todos os lados para manter a calma.
Macron, em contraste com os líderes de Estados Unidos e Reino Unido, minimizou a probabilidade de que a Rússia possa invadir em breve sua vizinha. Ele foi de Moscou a Kiev nesta terça-feira em uma tentativa de atuar como mediador.
O presidente francês não tinha avanços para anunciar --seu gabinete recuou na terça-feira depois que uma autoridade disse durante a noite que Putin havia prometido a ele que a Rússia não realizaria manobras militares perto da Ucrânia por enquanto.
Mas Macron afirmou acreditar que suas conversas ajudaram a evitar que a crise se agravasse ainda mais. Tanto Putin quanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disseram a ele que estavam comprometidos com os princípios de um acordo de paz de 2014, segundo Macron, acrescentando que esse pacto, conhecido como acordos de Minsk, oferece um caminho para resolver as disputas em andamento.
"Essa determinação compartilhada é a única maneira de nos permitir criar a paz, a única maneira de criar uma solução política viável", disse Macron em entrevista coletiva conjunta com Zelenskiy.
"A calma... é essencial de todas as partes em palavras e atos", declarou Macron, elogiando Zelenskiy pelo "sangue frio que você está mostrando, e que o povo ucraniano está mostrando, diante da pressão militar em suas fronteiras e em seu país".
Zelenskiy, por sua vez, deixou claro que estava cético em relação a quaisquer garantias que Macron possa ter recebido de Putin.
"Eu realmente não confio em palavras, acredito que todo político pode ser transparente tomando medidas concretas", disse o líder ucraniano.
Macron voou mais tarde para Berlim para uma reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz. Em um comunicado ao lado de Macron antes do início das negociações, Scholz disse a repórteres: "Nosso objetivo comum é evitar uma guerra na Europa."
Scholz acrescentou: "Nossa avaliação da situação é unânime, assim como nossa posição sobre isso: qualquer novo ataque à soberania e integridade territorial da Ucrânia é inaceitável e trará consequências de longo alcance para a Rússia - política, econômica e geoestratégica."
Mais cedo nesta terça-feira, Macron defendeu o resultado de suas negociações em Moscou na segunda-feira, que não trouxeram nenhum grande avanço, dizendo a repórteres que ele nunca esperou "por um segundo" que Putin faria concessões.
Países ocidentais liderados pelos EUA temem que a Rússia esteja se preparando para invadir a Ucrânia. Moscou diz que não está planejando nenhuma invasão, mas pode tomar "medidas técnico-militares" não especificadas, a menos que uma série de exigências de segurança sejam atendidas, incluindo uma promessa da Otan de nunca admitir Kiev.