Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas do Peru na quarta-feira em marchas organizadas por grupos de oposição à presidente Dina Boluarte, enquanto a polícia tomou medidas antimotim contra alguns manifestantes, prendendo pelo menos seis.
Manifestantes pacíficos afiliados a grupos de esquerda e sindicatos marcharam na capital Lima, enquanto incidentes isolados envolvendo a polícia foram relatados em uma região andina ligada a conflitos sociais anteriores, informou a imprensa.
"Queremos justiça, paz e tranquilidade, e que Boluarte saia imediatamente", disse o manifestante Dionisio Flores em Lima.
Muitos peruanos acusam Boluarte e seus aliados de remover e prender ilegitimamente seu antecessor esquerdista Pedro Castillo, o que levou a protestos às vezes violentos em março, nos quais 67 pessoas foram mortas.
Pela noite, seis civis e dois policiais ficaram feridos quando manifestantes carregando pedras e garrafas enfrentaram as forças de segurança que recorreram ao gás lacrimogêneo, disse a defensoria pública.
"Os protestos podem continuar amanhã", disse o ministro do Interior, Vicente Romero, em coletiva de imprensa, acrescentando que seis manifestantes foram presos.
Cerca de 21.000 pessoas participaram das marchas, disse Romero, embora tenha acrescentado que algumas pessoas estavam participando para pressionar sobre questões não relacionadas às principais demandas dos manifestantes.
A agitação também é fomentada pela raiva de longa data sobre a pobreza generalizada e a profunda desigualdade que persiste no país.
Além da remoção de Boluarte, muitos manifestantes também querem a dissolução do Congresso majoritariamente de direita, eleições e uma nova Constituição.
Cerca de 24.000 policiais foram mobilizados em todo o país antes dos protestos, disseram autoridades.
"Respeitaremos o direito das pessoas de protestar, mas se elas se tornarem violentas, faremos uso racional da força para impor autoridade", disse o chefe da polícia de Lima, Roger Perez, a repórteres.