O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu nesta quarta-feira, 15, o apoio da instituição de fomento ao frigorífico JBS (BVMF:JBSS3), mas reconheceu que as práticas ambientais das empresas do agronegócio terão que mudar num contexto de transição para uma economia de baixo carbono. Para Mercadante, o crédito agrícola poderá ser uma ferramenta de estímulo a essas novas práticas na agropecuária.
"Vamos precisar de um novo plano safra para estimular a agricultura de baixo carbono e estimular a recuperação de áreas de pasto degradado", afirmou o presidente do BNDES, em entrevista coletiva sobre o Fundo Amazônia, na sede do banco, no Rio.
Segundo Mercadante, a área plantada da agricultura nacional poderia praticamente dobrar com a recuperação de áreas de pastagens degradadas. Os investimentos nessa recuperação e em outras práticas sustentáveis de produção podem ser incentivados com melhores condições de crédito. "Tem que ter diferencial de juros para estimular novas praticas", afirmou Mercadante.
O presidente do BNDES foi instado a comentar sobre o apoio ao JBS - destaque na polêmica política que acabou conhecida como "campeões nacionais", durante os anos de expansão do banco de fomento nos governos do PT - ao ser questionado sobre as práticas ambientais do frigorífico.
"Emprestamos em torno de R$ 8 bilhões pra o JBS", afirmou Mercadante, numa referência às operações de apoio ao frigorífico, que, na verdade, foram em sua maioria feitas via participação acionária no capital da companhia. "Tivemos um ganho de R$ 21 bilhões (nas operações com o JBS), mas você tem razão, as praticas da agricultura e da pecuária terão que mudar", completou o presidente do BNDES, ao ser questionado sobre frequentes acusações de más práticas por parte do JBS, com destaque para a compra de gado de áreas em que pode haver desmatamento ilegal.