Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado livre de energia pode ser o caminho para impulsionar a implementação de placas solares em residências e comércios, ao permitir a venda de excedentes de eletricidade, que geraria caixa para viabilizar os investimentos nessas instalações, que hoje recebem apenas créditos na conta de luz em troca da energia injetada na rede.
Uma proposta neste sentido foi desenhada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e apresentada ao governo, que trabalha em um plano de incentivo à produção de energia pelos próprios consumidores, conhecida no mercado como geração distribuída.
"Com isso, você cria uma possibilidade de novos modelos de negócio para financiar o funcionamento dessa geração... fala-se muito que não existem linhas de crédito específicas para isso, e a proposta permite ao mercado estabelecer formas de financiar e remunerar esses projetos", disse à Reuters nesta quinta-feira o gerente-executivo de atendimento ao mercado da CCEE, Cesar Pereira.
O mercado livre de energia elétrica representa cerca de 25 por cento do consumo no Brasil, e envolve a negociação direta de contratos de suprimento entre empresas com grande demanda por eletricidade, como indústrias e centros comerciais, e geradores e comercializadores.
A ideia da CCEE é que grandes comercializadores de energia, os varejistas, passem a agregar os excedentes de geração de diversos consumidores e então vendam essa eletricidade no atacado, a preços de mercado.
"Comercializar essa energia no mercado livre traria ganhos para os consumidores. Não só porque o preço é melhor, mas você traz liquidez para o mercado, captura oportunidades de sobra de um consumidor para atender o outro...otimiza o mercado como um todo", afirmou o presidente da comercializadora CPFL Brasil, Daniel Marrocos.
O presidente da plataforma eletrônica de negociação de energia BBCE, Victor Kodja, também apoia a ideia. "Isso vai fazer com que mais gente se interesse (por instalações de geração distribuída). As comercializadoras tendem a ser os grandes catalisadores desse processo", disse.
Pela proposta da CCEE, o consumidor que aderir à geração distribuída poderá escolher entre a atual regra, em que toda a energia gerada vira crédito na conta de luz, e o modelo em que a geração acima do consumo pode ser vendida no mercado.
As regras para geração distribuída estão em discussão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que estima que essa modalidade possa viabilizar 2 gigawatts em instalações solares até 2024 .