BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira que pretende adiantar sua viagem à China para organizar a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, enquanto o Brasil busca retomar vendas aos chineses após um caso atípico de "mal da vaca louca".
"Eu já estou providenciando, e validei isso com o presidente Lula, antecipar minha ida com a nossa equipe técnica à China. Estou marcando para o próximo dia 20 ou 22, por aí, para estar lá. O presidente chega dia 28 e no dia 29 estaremos lá, então, para deixar isso tudo preparado", disse em entrevista a jornalistas no Ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, o governo brasileiro já apresentou às autoridades chinesas todas as informações relevantes sobre o caso e agora aguarda um posicionamento do país.
Por meio de um protocolo assinado com os chineses, quando há registro de caso atípico de "vaca louca" --que surge espontâneamente em animais mais velhos--, as exportações são automaticamente suspensas. Mas cabe à China autorizar a retomada.
Um laboratório de referência no Canadá já confirmou que se trata de um caso atípico, que não oferece risco para cadeia produtiva ou seres humanos.
Com menores preços pagos pelos chineses e mais recentemente o embargo, as exportações brasileiras de carne bovina recuaram no primeiro bimestre.
Fávaro também afirmou que a tentativa de normalização do processo de exportação de carne bovina do Brasil para a China deve ser um dos prováveis pontos de discussão na viagem.
"Agora é aguardar a China. Se ainda querem algumas informações complementares ou, caso necessário, vamos fazer presencialmente com total transparência, porque acho que é assim que se cria credibilidade, respeito e a oportunidade de ampliação de mercados", disse.
Uma investigação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) concluiu que o registro da doença feito no Pará era um caso atípico.
Na terça-feira, Ministério da Agricultura havia dito que, em um futuro próximo, atenderá uma demanda de produtores brasileiros por uma renegociação para uma versão mais restrita do protocolo chinês em casos de detecção da doença.
Uma alternativa seria, por exemplo, colocar sob embargo a exportação da carne vinda do Estado ou da região onde foi registrado o caso da doença, explicou à Reuters o assessor especial do Ministério, Carlos Ernesto Augustin.
(Por Victor Borges)