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Moagem de cana do CS se recupera, impulsiona açúcar apesar de foco em etanol

Publicado 12.09.2018, 11:30
© Reuters. Caminhão é carregado com cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, São Paulo

SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil somou 43,3 milhões de toneladas na segunda quinzena de agosto, aumento de cerca de 10 milhões de toneladas na comparação com a primeira parte do mês passado, quando chuvas prejudicaram os trabalhos, impulsionando a produção de etanol e açúcar.

A moagem ainda cresceu quase 11 por cento na comparação com a segunda quinzena de agosto de 2017, facilitada pelo tempo mais seco, que em meses anteriores afetou o desenvolvimento dos canaviais, resultando agora em menor produtividade agrícola, afirmou a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) em boletim.

O crescimento da moagem permitiu uma produção de açúcar do centro-sul na segunda quinzena de agosto expressiva, de 2,371 milhões de toneladas, ante 1,715 milhão de toneladas na quinzena anterior, em meio a uma maior concentração de açúcares na cana.

A forte atividade ainda evitou uma redução maior na fabricação do adoçante na comparação com o mesmo período de 2017, quando usinas destinavam uma maior parcela de cana para o açúcar. Em relação a 2017, a queda na produção de açúcar foi de quase 7 por cento.

Contando com uma forte competitividade frente à gasolina no mercado interno, o etanol continua registrando saltos de produção e recordes de vendas.

O aumento na fabricação do biocombustível ante a mesma época do ano passado foi de 37 por cento, para 2,45 bilhões de litros na segunda parte de agosto, à medida que o mix de cana para o produto foi de 62,36 por cento.

Desde o início da safra 2018/2019 até 1º de setembro, a quantidade fabricada de açúcar totalizou 18,84 milhões de toneladas, recuo de 19,28 por cento ante o mesmo período de 2017. Em sentido inverso, a produção de etanol acumula alta de 33,51 por cento, alcançando 20,50 bilhões de litros de etanol --6,35 bilhões de litros de etanol anidro (misturado à gasolina) e 14,14 bilhões de litros de etanol hidratado (concorrente da gasolina).

A Unica ainda destacou em nota uma quebra na produtividade agrícola pela seca, o que deve antecipar a parada de usinas.

No acumulado do atual ciclo até 1º de setembro, essa produtividade atinge 78,44 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, frente a 81,20 toneladas por hectare registradas até a mesma data da safra passada.

"Essa quebra irá se intensificar nas próximas quinzenas, na medida em que a colheita avançar para áreas mais afetadas pela estiagem e com lavouras mais velhas e, portanto, com produtividade naturalmente menor", disse em nota o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

Segundo levantamento preliminar feito pela associação, 20 por cento das unidades amostradas até o momento declararam que devem antecipar o fim da safra 2018/2019 em 1 a 3 meses.

"A longa estiagem empregou um ritmo acelerado de colheita até o momento, que aliado à expectativa de queda contínua da produtividade, se traduzirá em menor moagem e em uma longa entressafra", comentou o diretor.

A seca, contudo, colabora para a concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima, que atingiu 152,66 kg na segunda quinzena de agosto, 7,1 kg acima do valor apurado em igual período do ano passado.

VENDAS RECORDES

Pautado pela competitividade crescente frente à gasolina, a venda de etanol hidratado pelas unidades do centro-sul bateu um novo recorde quinzenal, com 1,05 bilhão de litros comercializados.

No mês, as vendas de hidratado para o mercado interno se aproximaram de 2 bilhões de litros, também uma marca histórica para o mês, com aumento de mais de 15 por cento ante julho.

© Reuters. Caminhão é carregado com cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, São Paulo

Entre abril até 1º de setembro, as vendas acumuladas de etanol pelas usinas e destilarias da região centro-sul totalizaram 12,19 bilhões de litros, com expansão de 15,73 por cento sobre 2017 --a exportação no período somou 693,22 milhões de litros.

(Por Roberto Samora; edição de Luciano Costa)

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