Por Marcela Ayres e Bruno Federowski
BRASÍLIA (Reuters) - O governo não tem decisão sobre eventuais mudanças na formação de preços de combustíveis e também não há espaço fiscal para redução de impostos no momento, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
Em teleconferência com a imprensa estrangeira, o ministro ressaltou que as discussões sobre preços de combustíveis são iniciais e que não havia nada encaminhado. As falas vieram após o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, ter dito que o governo já discutia uma redução de impostos para diminuir a pressão nas bombas dos postos.
"Todos nós sabemos que não temos flexibilidade do lado fiscal, estamos no meio de um processo de consolidação fiscal. Então temos que ser muito cautelosos", afirmou ele em inglês.
"Claro que não podemos nos dar ao luxo de ter redução nas receitas tributárias neste momento", completou.
A Petrobras (SA:PETR4) divulgou nesta segunda-feira que elevará os preços do diesel e da gasolina nas refinarias a novas máximas dentro da era de reajustes diários, reagindo à recente alta do petróleo e do dólar, num dia já marcado por protestos de caminhoneiros contra a alta nos valores dos combustíveis.
Desde julho do ano passado, quando a petroleira implementou esta política, ambos os produtos acumulam alta de cerca de 50 por cento nas refinarias da estatal.
A escalada vem afetando a percepção de preços mis altos pela população, embora a inflação oficial medida pelo IPCA esteja em níveis historicamente baixos.
Nesta tarde, o presidente Michel Temer realizará outro encontro para abordar a pauta, com a presença de Guardia, Moreira e o ministro do Planejamento, Esteves Colnago.
Uma fonte da Petrobras afirmou à Reuters que a companhia ainda não foi chamada para os debates, mas ressaltou que a política atual de preços não seria modificada.
"Só o governo poderá dizer se é possível reduzir os tributos", disse a fonte, em condição de anonimato. "Claro que não vamos mudar a política de preços", acrescentou.
CRESCIMENTO MENOR
Guardia reconheceu ainda que o governo irá reduzir a perspectiva para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano no dia seguinte, quando atualizará os parâmetros macroeconômicos em seu relatório bimestral de receitas e despesas.
Ele não revelou, contudo, qual será o novo percentual adotado.
Na semana passada, uma fonte disse à Reuters que a previsão baixará para cerca de 2,5 por cento, sobre 2,97 por cento na última projeção oficial, ficando assim em linha com a leitura mais recente do mercado.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)