Judith Mora.
Londres, 26 set (EFE).- A Organização Internacional do Café (OIC) alertou nesta sexta-feira que poderá haver um déficit na safra 2015-2016 por consequência da seca que afetou as plantações no Brasil.
As reservas mantidas pelos países exportadores e importadores compensarão o déficit provocado pela menor produção do Brasil no período 2014-2015, enquanto a próxima safra dependerá dos efeitos climáticos sobre as futuras colheitas.
O diretor-executivo da OIC, Robério Oliveira Silva, destacou após a reunião semestral do Conselho da OIC em Londres a incerteza gerada para as safras dos próximos anos pela seca no Brasil, o maior produtor de café do mundo.
O governo brasileiro acaba de estimar que a safra 2014-2015 será de 45,1 milhões de sacas, o que representa uma queda de 8,2% em relação ao período 2013-2014.
No entanto, o fato de o Brasil ter conseguido colheitas recordes em 2012-2013 e 2013-2014 significa que, atualmente, o país possui reservas que poderão compensar a diminuição de suas exportações.
Em junho, o Brasil tinha ainda 15 milhões de sacas de colheitas anteriores em seus estoques.
No entanto, "a grande incógnita" é o que acontecerá na próxima safra (2015-2016), quando as reservas estarão mais baixas e "teremos que estar muito atentos" com as colheitas, afirmou o diretor-executivo.
Se acontecer outro período de seca no Brasil como o recente, algo que não se pode prever ou prevenir, "será um desastre", reconheceu o diretor de operações da OIC, Mauricio Galindo, em entrevista coletiva.
Galindo advertiu que uma diminuição na oferta de café na safra 2015-2016, frente a uma crescente demanda, provocaria "grande volatilidade dos preços".
"Sem dúvida, o Brasil ficou mais vulnerável após a seca", apontou.
O diretor de operações disse que as colheitas da safra atual (2014-2015) serão acompanhadas "com muita atenção", quando se espera que a Colômbia, após recuperar suas plantações da ferrugem do café, aumente sua produção "até seus níveis mais altos desde 2007-2008".
Durante a reunião do Conselho, entre os dias 22 e 26 de setembro, informou-se que o governo dos Estados Unidos ofereceu assistência no valor de US$ 10 milhões aos cafeicultores de Guatemala, Honduras e El Salvador, afetados pela seca e por pragas e doenças do café.
Além disso, Robério destacou hoje o sucesso do encontro do fórum de financiamento do café, no qual representantes de cafeicultores se reuniram com entidades financeiras que podem oferecer crédito aos produtores para garantir a viabilidade de suas colheitas.
O diretor-executivo afirmou que o fórum se reunirá de novo em março para prosseguir com as conversas.
Em relação ao consumo mundial de café, Robério disse que continua em ascensão nos países emergentes e nos produtores, como o Brasil, e também nos Estados Unidos, onde a comunidade hispânica impulsiona a demanda junto com uma nova geração de jovens interessados nas especialidades de café.
Galindo antecipou que está previsto que a demanda de café no mundo continue crescendo a um ritmo de 2,5%.
Com o objetivo de equilibrar o mercado e dar segurança aos cafeicultores, cujas receitas variam em grande medida segundo o preço do café, a OIC estuda propostas para ajudar a reduzir os custos de produção e continuar aumentando a demanda através de promoções.
Nesse sentido, o setor do café terá uma grande plataforma para sua promoção na próxima Exposição Internacional de Milão, em 2015, quando contará com um pavilhão no qual explicará todo o processo de desenvolvimento e produção do grão e da popular bebida.