ONS reduz projeção de demanda por energia no mês, mas custo de operação dispara

Publicado 06.11.2020, 20:22
Atualizado 06.11.2020, 20:25
© Reuters. Torres e linhas de transmissão de energia em Brasília (DF)

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A carga de energia do sistema elétrico interligado do Brasil deve avançar 1% em novembro na comparação com mesmo período do ano passado, projetou nesta sexta-feira o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que reduziu estimativa anterior de alta de 2,7%.

Apesar do menor consumo esperado, o custo para atender à demanda deve disparar em quase todo o país devido ao acionamento de termelétricas mais caras-- com exceção do Nordeste, o chamado custo marginal de operação do sistema (CMO) deve saltar para cerca de 630,5 reais por megawatt-hora (MWh) na próxima semana.

Para a semana que encerra nesta sexta-feira, o custo marginal previsto pelo ONS era de 368 reais por MWh.

O maior aumento no consumo de energia em termos percentuais é esperado na região Norte, onde a carga deve subir 6,5%. No resto do país a alta deve ficar abaixo de 1%, com o menor ganho frente a novembro passado, de 0,4%, previsto no Sudeste, segundo o ONS.

A carga elétrica chegou a desabar 12% em abril, primeiro mês impactado por medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus.

CHUVAS

O maior custo de operação esperado para o sistema deve-se à forte redução das chuvas previstas na área das hidrelétricas do Sudeste, que concentram os maiores reservatórios.

As chuvas em novembro devem atingir apenas 56% da média histórica, contra 75% estimados na semana anterior. No Sul, elas são vistas em 22%, de 28% antes.

As baixas precipitações previstas ainda levaram os valores spot da eletricidade, ou Preços de Liquidação das Diferenças (PLDs), a saltarem para o teto regulatório de 559,75 reais por MWh no Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte para a próxima semana, disse a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

© Reuters. Torres e linhas de transmissão de energia em Brasília (DF)

O PLD, que acompanha em parte o custo de operação, ficou menor apenas no Nordeste, em 150 reais por MWh, perto do CMO previsto para a região, de 197 reais por MWh.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), formado por autoridades e técnicos da área de energia do governo, decidiu pelo acionamento de mais usinas térmicas desde meados de setembro devido às perspectivas negativas de chuvas nas hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil.

O uso dessas usinas aumenta custos para os consumidores, uma vez que elas têm operação mais cara que outras fontes, por demandarem combustíveis fósseis.

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