VIENA (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acertou nesta segunda-feira a extensão de seus cortes de produção até março de 2020, disseram três fontes da organização, com os membros do grupo superando suas diferenças na busca pela elevação dos preços do petróleo, em meio ao enfraquecimento da economia global e ao aumento na produção dos Estados Unidos.
O movimento provavelmente irritará o presidente norte-americano, Donald Trump, que já demandou que a Arábia Saudita, líder da organização, oferte mais petróleo e ajude a reduzir os preços nas bombas se quiser ter o apoio dos EUA em seu entrevero com o arquirrival Irã.
Valor de referência global, o petróleo Brent já avançou mais de 25% até aqui neste ano, depois de a Casa Branca ter aumentado sanções contra Venezuela e Irã, ambos membros da Opep, prejudicando suas exportações do produto.
A Opep e seus aliados, liderados pela Rússia, têm reduzido a produção de petróleo desde 2017, visando prevenir quedas nos preços em meio à crescente produção dos EUA, que já ultrapassaram Rússia e Arábia Saudita e chegaram ao posto de maiores produtores mundiais.
Temores a respeito de uma demanda global mais fraca, como resultado da guerra comercial entre EUA e China, aumentaram os desafios enfrentados pelas 14 nações que compõem a Opep.
"A Arábia Saudita está dando seu máximo para que os preços do petróleo atinjam 70 dólares por barril, apesar dos desejos de Trump. Mas eles não conseguiram fazê-lo, mesmo com as quedas nas exportações iranianas e venezuelanas. As razões para isso são a demanda fraca e o crescimento do 'shale' (petróleo não convencional) norte-americano", disse Gary Ross, da Black Gold Investors.
Os EUA, maiores consumidores de petróleo do mundo, não estão na Opep, bem como não participam do pacto para redução de oferta. Um salto nos valores do petróleo pode levar ao encarecimento da gasolina, assunto chave para Trump, que buscará a reeleição no ano que vem.
(Reportagem adicional de Olesya Astakhova, Ahmad Ghaddar e Rania el Gamal)