VIENA (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) falhou em estabelecer um teto para a produção de petróleo do grupo nesta sexta-feira em encontro que terminou com um sentimento amargo, após o Irã dizer que não poderia considerar qualquer limite até restaurar sua oferta depois de anos de sanções ocidentais.
O comunicado final foi divulgado sem qualquer menção a um novo teto de produção, aparentemente permitindo que os países continuem bombeando a taxas atuais em um mercado já pressionado por um grande excedente global.
O secretário-geral da Opep, Abdullah al-Badri, disse que o grupo não pôde concordar com qualquer número sem condições de prever quanto o Irã poderia acrescentar ao mercado no próximo ano, conforme sanções estão sendo retiradas dentro de um acordo alcançado seis meses atrás com grandes potências sobre o programa nuclear do país.
A maioria dos ministros deixou a reunião sem fazer comentários.
Mais cedo, antes da entrevista oficial, duas fontes da Opep haviam dito à Reuters que o grupo, que produz um terço do petróleo no mundo, havia decidido aumentar o limite coletivo de produção para 31,5 milhões de barris por dia (bpd), ante 30 milhões de bpd anteriormente.
O ministro do petróleo do Irã, Bijan Zangeneh, disse antes da reunião que o governo de seu país estaria disposto a discutir um teto de produção somente quando o seu país atingisse níveis plenos de bombeamento, se e quando as sanções do Ocidente forem suspensas.
O ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, havia dito anteriormente que esperava que a demanda global crescente pudesse absorver um salto esperado na produção iraniana no próximo ano: "Todos estão convidados a entrar no mercado".
O Irã tem repetidamente dito que vai aumentar a produção em pelo menos 1 milhão de barris por dia quando as sanções forem suspensas. Sem limites em outros lugares, isso contribuiria para um excesso global, com o mundo já consumindo atualmente até 2 milhões de barris diários a menos do que está produzindo.
A decisão impactou o mercado. O petróleo Brent recuava 0,7 dólar, ou 1,6 por cento, a 43,14 dólares por barril, às 15:33 (horário de Brasília). O petróleo dos Estados Unidos caía 1,14 dólar, ou 2,78 por cento, a 39,94 dólares por barril.
(Por Rania El Gamal, Alex Lawler e Reem Shamseddine)