Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Paraná, maior produtor de trigo do Brasil, reduziu nesta quarta-feira sua estimativa de safra do cereal em 15,8%, para 2,72 milhões de toneladas, devido a geadas ocorridas no início do mês, informou o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão do governo do Estado.
Com a redução de cerca de 500 mil toneladas na estimativa em relação à projeção de junho, a importação do cereal pelo país deverá aumentar, acrescentou o especialista em trigo do Deral, Carlos Hugo Godinho.
"A importação deve crescer na mesma proporção da quebra de safra, talvez um pouco menos, depende da qualidade", afirmou ele à Reuters, lembrando que o Estado por vezes também exporta alguns volumes e agora pode deixar de realizar tais vendas externas.
O Brasil é um dos maiores importadores globais de trigo, com importações estimadas antes das geadas em mais de 7 milhões de toneladas, comprando a maior parte de suas necessidades na Argentina. Já o Paraná costuma produzir mais da metade do cereal brasileiro.
No ano passado, o Estado produziu 2,8 milhões de toneladas, quando seca e geadas também reduziram a produção.
Godinho disse que, se as condições climáticas não piorarem, é provável que o Estado colha o volume estimado atualmente. A colheita começa no final de agosto e se intensifica em setembro.
A qualidade do cereal, em função das geadas, deverá ser verificada posteriormente.
"Na região com perdas parciais, os grãos que ficam mal formados... pode diminuir um pouco a qualidade, o quanto isso vai ser determinante na qualidade final é difícil dizer, às vezes dilui no total da safra", destacou o especialista.
Ele afirmou ainda que, se não voltar a chover nos próximos dias, a safra pode ter algum problema de déficit hídrico.
MILHO
No caso do milho, não houve impacto das geadas na safra, disse outro especialista do Deral, Edmar Gervásio.
Ao contrário, as produtividades em algumas áreas até foram elevadas.
Agora o Deral prevê uma segunda safra de milho de aproximadamente 13,7 milhões de toneladas, ante cerca de 13,5 milhões na previsão de junho.
"No geral, não houve um impacto das geadas, apenas em situações muito pontuais. Na região oeste e parte do norte, a produtividade foi bem maior do que era esperado", declarou ele.
O Paraná é um dos maiores produtores de milho do Brasil, que deverá ter uma produção recorde em 2018/19 de cerca de 100 milhões de toneladas, incluindo a safra de verão.