Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) continua a perseguir a meta de produção para este ano, de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia no Brasil, apesar de inúmeras paradas programadas para manutenção em plataformas terem reduzido as operações, afirmou nesta terça-feira a diretora de Exploração & Produção da companhia.
Nos primeiros nove meses do ano, a produção média de petróleo da Petrobras no Brasil foi de cerca de 2 milhões de barris por dia (bpd), queda de 6 por cento ante o mesmo período de 2017.
Em setembro, a empresa produziu no Brasil 1,88 milhão de barris por dia em setembro, em média, redução de 13 por cento ante o mesmo período do ano passado.
Durante coletiva de imprensa, a diretora Solange Guedes explicou que paradas programadas, assim como desinvestimentos, atingiram a produção ao longo deste ano, mesmo diante da entrada de duas novas plataformas no primeiro semestre.
"O volume de paradas no terceiro trimestre foi o dobro do de paradas no segundo trimestre e tivemos poucas no primeiro trimestre, e (teremos) mais algumas no quarto trimestre, mas não serão da ordem de grandeza do terceiro trimestre", disse Solange, pontuando mesmo assim que a produção segue em linha com o planejado.
Ao ser questionada se a meta de 2,1 milhões de bpd seria atingida, Solange respondeu: "Estamos projetando esse valor".
A executiva também informou que a empresa está realizando obras em 28 plataformas em campos maduros, em busca de melhorias no descarte de água no mar. Em notícias passadas, o Ibama havia feito tais exigências à companhia.
"Estamos trabalhando em 28 plataformas em obras e na interligação de novos poços nessas unidades, afetando notadamente Marlim Sul, Roncador e Albacora Leste", afirmou.
Além disso, a executiva explicou que a produção no terceiro trimestre também foi impactada "notadamente" por desinvestimentos, como nas áreas de Lapa, Iara e Roncador.
Em meio à queda da produção, a Petrobras elevou as importações de petróleo em 28 por cento de janeiro a setembro, ante o mesmo período do ano passado, para 157 mil bpd. O movimento ocorreu ainda em um cenário de forte alta do dólar, com impacto de movimentos pré-eleições.
Nos nove primeiros meses do ano, o dólar médio de venda ficou 13 por cento mais alto ante o mesmo período do ano passado, enquanto o petróleo de referência Brent ficou 39 por cento mais alto na mesma comparação.
A Petrobras reportou nesta terça-feira lucro líquido de 6,64 bilhões de reais no terceiro trimestre, aumento de 25 vezes na comparação com mesmo período do ano passado (266 milhões de reais), mas abaixo da expectativa do consenso do mercado, diante de uma queda na produção de petróleo, com impacto na exportação, e maiores gastos com importações de derivados.
Em relatório a clientes, o Goldman afirmou ter uma "visão negativa dos resultados do terceiro trimestre", já que o Ebitda ficou abaixo das estimativas do banco e do consenso.
"Em nossa visão, a menor geração de fluxo de caixa livre no terceiro trimestre reflete principalmente a recuperação nos investimentos, a fim de reverter a tendência negativa na produção", disse o Goldman, no relatório.
Os investimentos totais da empresa cresceram 10 por cento nos primeiros nove meses do ano ante o mesmo período de 2017 para 36,7 bilhões de reais, com a área de E&P respondendo por 32,2 bilhões de reais.
ATRASOS EM PLATAFORMAS
Neste cenário, a Petrobras ainda poderá adiar para 2019 a entrada de três das sete plataformas previstas inicialmente para entrar em produção neste ano, segundo explicou o diretor executivo de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Hugo Repsold.
No primeiro semestre, a empresa iniciou a operação das plataformas Cidade de Campos dos Goytacazes, no campo de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, e da P-74, no campo de Búzios, na Bacia de Santos. Já em outubro, a empresa iniciou a operação da P-69, em Lula Extremo Sul, em Santos.
Repsold informou que a P-75, também em Búzios, poderá entrar em operação a qualquer momento e que a P-67, em Lula Norte, deverá entrar em operação até o fim deste ano.
Já a P-76, em Búzios, provavelmente entrará em operação apenas em 2019. A P-68, em Berbigão e Sururu, já havia sido adiada para o próximo ano e deverá entrar em operação no primeiro semestre.