SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) reafirmou nesta quarta-feira que a prática de preços de combustíveis alinhados ao mercado externo é necessária para manter a segurança energética e evitar desabastecimento, em meio à forte pressão do governo Bolsonaro por mudanças.
A companhia disse que há possibilidade de o mercado global de óleo diesel ficar mais pressionado nos próximos meses e, em um cenário de escassez mundial, o abastecimento nacional "requer uma atenção especial".
"A prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado é condição necessária para que o país continue sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diversos agentes", afirmou a companhia.
Na avaliação da estatal, o mercado estará diante de um aumento sazonal da demanda mundial no segundo semestre, menor disponibilidade de exportações russas diante do agravamento de sanções econômicas ao país, além de eventual indisponibilidade de refinarias nos Estados Unidos e Caribe com a temporada de furacões de junho a novembro.
"Portanto, não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel", acrescentou a Petrobras.
Como o Brasil é deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda em 2021, a companhia acredita que poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento.
Além disso, o consumo nacional de diesel é historicamente mais alto no segundo semestre devido à sazonalidade das atividades agrícola e industrial. O mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022.
Com isso, a Petrobras disse que adota uma dinâmica que propicia um equilíbrio com o mercado, evitando repasse imediato da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio ocasionadas por questões conjunturais para os preços domésticos.
"(Mas) preços abaixo do mercado inviabilizam economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional."
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal não pretende interferir na política de preços da Petrobras, mas reclamou da elevada rentabilidade da empresa e frisou que falta à companhia um entendimento do momento atual da economia global.
Ele ressaltou durante que grandes petrolíferas baixaram sua margem de lucro no mundo e "aqui se faz o contrário".
(Por Nayara Figueiredo)