Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O impacto da greve dos trabalhadores da Petrobras (SA:PETR4) na produção de petróleo da companhia foi reduzido nesta quarta-feira a uma queda de 140 mil barris/dia, ante 178 mil barris/dia na terça-feira, informou a petroleira em comunicado.
Segundo a Petrobras, o montante representa baixa de 6,5 por cento na extração diária em relação aos níveis anteriores à paralisação, ante 8,5 por cento verificado na terça-feira.
A greve ganhou maior adesão ao longo do dia, atingindo 48 unidades marítimas da Bacia de Campos, a principal produtora de petróleo do Brasil, informou em paralelo o Sindipetro Norte Fluminense (Sindipetro-NF). Mais de 50 unidades marítimas estão atualmente na Bacia de Campos.
Na terça-feira, a paralisação envolvia 45 unidades na bacia, que respondeu por cerca de 65 por cento da produção brasileira de petróleo em setembro.
"O impacto nas contas da empresa é importante. Perder milhares de barris ao dia é algo significativo em qualquer lugar do mundo e para qualquer empresa de petróleo", afirmou mais cedo à Reuters uma fonte da Petrobras na condição de anonimato.
O movimento tem chamado a atenção de operadores do mercado de petróleo no exterior, com repercussões no preço da commodity.
A greve na Bacia de Campos teve a adesão nesta quarta-feira da sonda P-16, da plataforma PCP-2, além do sistema de produção Carapeba 1 e 3, segundo o diretor de Comunicação do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Das 48 unidades atingidas pelo movimento, 31 estavam com as atividades completamente paralisadas (28 plataformas e três unidades de manutenção e serviço) e sete estavam com produção restrita até a manhã desta quarta-feira, segundo o sindicato, que não apresentou uma atualização até o momento.
O sistema de produção Carapeba 1 e 3 foi entregue pelos petroleiros a equipes de contingência da estatal na tarde desta quarta-feira, assim como outras nove unidades marítimas haviam feito até o período da manhã, explicou Tezeu à Reuters.
A Petrobras afirmou no comunicado divulgado na noite desta quarta-feira que "continua tomando as medidas necessárias para garantir a manutenção de suas atividades, preservando suas instalações e a segurança de seus trabalhadores".
Na segunda-feira, houve queda de produção de 273 mil barris de petróleo, o que corresponde a 13 por cento da produção diária no país, disse a estatal.
Em nota, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que não houve impacto ao abastecimento de combustíveis no país até o momento.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) também afirmou na noite de terça-feira que a produção estava interrompida em 13 plataformas marítimas no Rio Grande do Norte e poços terrestres estavam sendo fechados no Estado.
Os 12 sindicatos de petroleiros filiados à FUP, incluindo o Sindipetro-NF, responsável pelos trabalhadores de Campos, iniciaram a greve no domingo. Já a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne outros cinco sindicatos, iniciou a greve na quinta-feira.
A FUP, juntamente com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), está chamando todos os sindicatos filiados e os movimentos sociais a se engajar na greve dos petroleiros para dar força ao movimento, disseram seus representantes em nota publicada na Internet.
O movimento é uma "crítica clara e aberta" contra a atual política econômica do governo, acionista majoritário da Petrobras, afirmou à Reuters o sindicalista e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar.
CONTRA DESINVESTIMENTOS
A mobilização busca principalmente interromper o bilionário plano de venda de ativos da companhia, além da manutenção de direitos dos trabalhadores, em um momento em que a empresa passa por dificuldades financeiras e realiza uma reestruturação.
A FUP também afirma buscar com a greve a retomada dos investimentos da Petrobras, a manutenção dos empregos, a "defesa das conquistas que o país garantiu nos últimos anos" e a garantia de condições seguras de trabalho.
A greve inclui ainda terminais de combustíveis, refinarias, unidades de processamento de gás natural, edifícios sede, dentre outras unidades.
Em entrevista à Rádio NF, o diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto, afirmou nesta quarta-feira que a paralisação está sendo "vitoriosa", devido aos impactos na produção da empresa.
(Reportagem adicional de Luciano Costa, em São Paulo)