RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) utilizará tecnologia da Nasa para monitorar por satélite o ambiente marinho e costeiro da Margem Equatorial, no trecho Amapá-Pará-Maranhão, onde está situada a Bacia da Foz do Amazonas, informou a petroleira em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.
Para isso, a companhia foi aceita para participar de um projeto conjunto da agência espacial americana e a Organização Indiana de Pesquisa Espacial para desenvolvimento e lançamento, em 2025, de um sistema de coleta de imagens por satélite de observação da Terra.
O anúncio ocorre enquanto a petroleira vem batalhando para obter um licenciamento do órgão ambiental federal Ibama para perfurar em águas ultraprofundas da Bacia da Foz do Rio Amazonas, no litoral do Amapá.
Dentre as dificuldades para avançar no licenciamento, há discussões sobre uma falta de conhecimento amplo sobre o comportamento das marés na região e como seria ter que lidar com um eventual derramamento de petróleo.
Uma utilização adicional dos dados da Missão NISAR, segundo a petroleira, diz respeito à detecção de manchas de óleo na superfície do mar, tanto de origem natural (exsudações) como antrópica (derrames).
A Margem Equatorial brasileira, uma ampla área que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, tem grande potencial para se tornar uma nova fronteira de produção de petróleo, mas reúne enormes desafios socioambientais.
Para participar do projeto, a Petrobras foi aceita no programa de Early Adopters (primeiros usuários) da missão NISAR (Nasa-ISRO Synthetic Aperture Radar).
As imagens que serão coletadas por satélite serão utilizadas pela petroleira no projeto Observatório Geoquímico Ambiental da Margem Equatorial Brasileira (ObMEQ), com início previsto para o próximo ano.
"Há interesses científicos convergentes entre as iniciativas NISAR e ObMEQ, razão pela qual foi estabelecida uma cooperação formal do Cenpes (centro de pesquisas da Petrobras) com a missão espacial", disse em nota a diretora de engenharia Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi.
"Tal colaboração será muito importante para a obtenção do conhecimento científico necessário para o monitoramento ambiental sistemático da zona costeira de manguezais ao longo da Margem Equatorial."
O ObMEQ é um dos 13 projetos de sustentabilidade e meio ambiente do Cenpes para a Margem Equatorial, os quais são desenvolvidos em rede por diversas instituições, com envolvimento de universidades e outros grupos da região.
A Petrobras destacou que a iniciativa medirá padrões de mudanças nos ecossistemas, superfícies e massas de gelo da Terra, fornecendo informações sobre biomassa, riscos naturais, aumento do nível do mar e águas subterrâneas. Também será dada atenção especial aos manguezais, ecossistema costeiro importante no contexto das alterações climáticas.
A tecnologia utilizada permitirá o mapeamento periódico de alterações como erosão e deposição de sedimentos na costa, correntes oceânicas, velocidades do vento, localização dos navios e até sinais de petróleo nas águas, destacou a petroleira.
O projeto fornecerá ainda a configuração sempre atualizada do litoral da Margem Equatorial, disponível para utilização pelas diversas áreas da Petrobras, órgãos ambientais e sociedade, de acordo com as respectivas necessidades.
(Por Marta Nogueira)