Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo recuavam nesta segunda-feira, estendendo as fortes perdas da semana passada, em meio a preocupações de que o Federal Reserve pode continuar seu agressivo aperto monetário e enfraquecer a demanda.
Às 10h35 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano caía 0,54%, a US$ 88,61 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 0,9%, a US$ 94,85, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA apresentava alta de 0,87%, a US$ 2,8785 por galão.
Os preços do Brent caíram quase 14% na semana passada, registrando sua maior perda semanal desde abril de 2020 e seus níveis mais baixos desde fevereiro, enquanto o WTI se desvalorizou cerca de 10% após dados mais fracos de consumo de gasolina nos EUA gerarem temores de que a demanda está se enfraquecendo no maior país consumidor do produto no mundo.
O robusto relatório de empregos ajudou o mercado na sexta-feira, mas também elevou as chances de que o Fed continue suas agressivas elevações de juros em setembro, desacelerando o crescimento ainda mais na maior economia do planeta, que já se encontra em recessão técnica.
O que também estava pesando sobre o mercado era a retomada das tratativas entre Teerã e Washington em Viena no fim da semana passada, a fim de retomar o acordo nuclear de 2015 com o Irã, o que poderia fazer com que o petróleo do país voltasse para o mercado mundial.
Essas tratativas foram reiniciadas em uma atmosfera “pesada”, de acordo com o emissário da Rússia, com Teerã colocando diversos empecilhos para o acordo, como a remoção da Guarda Revolucionária da lista de sanções dos EUA.
“A retomada das tratativas nucleares com o Irã é um dos possíveis riscos de baixa para os preços do petróleo, em vista da capacidade do país de elevar rapidamente sua produção, caso um acordo seja fechado”, declarou Craig Erlam, analista da OANDA. “Sem falar em suas grandes reservas de petróleo e gás. Tudo leva a crer que um acordo deve ser fechado nos próximos dias, embora já tenhamos ouvido muita coisa nesse sentido neste ano”.
Dito isso, também há boas notícias para o mercado, já que a China, maior país importador de petróleo do mundo, comprou 8,79 milhões de barris por dia em julho, uma alta em relação à mínima de quatro anos em julho, mas ainda 9,5% abaixo do mesmo período do ano passado.
“O petróleo apenas corrigiu, mas não morreu”, disseram analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS). “Ainda esperamos que o mercado petrolífero continue registrando déficits insustentáveis nos preços atuais”.