Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo registravam volatilidade nesta quinta-feira, após o avanço dos preços na sessão anterior, diante da queda de estoques do produto nos EUA e da retomada do consumo de gasolina, mesmo com os EUA entrando em recessão técnica.
Às 11h41 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano recuava 0,59%, a US$ 96,75 por barril, enquanto o Brent se desvalorizava 0,30%, a US$ 101,37 por barril, no mercado futuro. Ambos os contratos registraram ganhos de mais de 2% na sessão anterior.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA baixava 2,63%, a US$ 3,0703 por galão.
Dados divulgados no início desta quinta-feira mostraram que houve uma contração no crescimento dos EUA no 2º tri, com o Produto Interno Bruto do país recuando 0,9%. Esse foi o segundo declínio trimestral consecutivo, configurando uma recessão técnica, após uma queda de 1,6% nos primeiros três meses do ano.
Os EUA não adotam oficialmente essa definição, deixando a cargo do NBER, escritório nacional de pesquisas econômicas do país, a determinação do cenário com base em uma gama maior de fatores. No entanto, isso ainda fará com que os investidores se questionem se o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) desacelerará sua agressiva política de aperto monetário.
Com isso em mente, o mercado petrolífero tentava manter o tom positivo da sessão anterior, graças a sinais de uma demanda saudável nos EUA, maior país consumidor de petróleo do mundo.
Dados da Administração de Informações Energéticas, divulgados na quarta-feira, mostraram que os estoques de petróleo tiveram uma queda de 4,5 milhões de barris na semana passada, contra expectativas de uma retirada de 1 milhão de barris, enquanto a demanda de gasolina registrou uma recuperação de 8,5% na comparação semanal.
É possível que o mercado registre ganhos pela frente, de acordo com o principal executivo da Shell (LON:RDSa), haja vista que a restrição de oferta supera quaisquer riscos à demanda.
“Na conjuntura atual, há mais possibilidade de alta do que de baixa, no que se refere ao preço do petróleo”, disse o CEO da companhia, Ben van Beurden, em uma entrevista à Bloomberg TV. “A demanda não se recuperou totalmente ainda e a oferta está definitivamente restrita”.
Sua entrevista ocorreu após a gigante petrolífera divulgar um lucro de US$ 11,5 bilhões no 2º tri, superando seu recorde atingido nos três meses anteriores.
Sua rival francesa TotalEnergies (EPA:TTEF) também apurou um lucro recorde de US$ 9,8 bilhões no trimestre e acelerou o programa de recompra de ações, enquanto a norueguesa Equinor (OL:EQNR) divulgou, na quarta-feira, um enorme lucro de US$ 17,6 bilhões no 2º tri.
Na próxima semana, as atenções estarão voltadas à reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, que irá discutir as cotas de produção para setembro e talvez o resto de 2022.
“Essa reunião pode ter grandes consequências para os mercados petrolíferos, pois a Opep+ concluirá seu plano de redução gradativa dos cortes de produção desde maio de 2020, sem um direcionamento claro para as cotas predeterminadas”, afirmou Ellen Wald, presidente da Transversal Consulting.