Por Peter Nurse
Investing.com - Os preços do petróleo dispararam na sexta-feira, estendendo o recente rali ao longo de um volátil pregão em função dos crescentes receios de interrupções no fornecimento global de energia, após tropas russas bombardearem e capturarem a maior central nuclear da Europa.
Às 14h55 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços para os EUA, eram negociados com alta de 4,17%, a US$ 112,17 por barril, enquanto o contrato do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, subia 3,63%, para US$ 114,47. O Brent crude rompeu a marca dos US$ 100 na semana passada pela primeira vez desde 2014, atingindo US$ 119,84 na quinta-feira.
LEIA MAIS: A outra guerra: estamos à beira da pior crise energética desde 1970?
A notícia de que as forças russas atacaram e capturaram a central elétrica de Zaporizhzhia em Enerhodar, na Ucrânia, causando um incêndio no complexo, resultou em volatilidade nas negociações de sexta-feira.
"Os relatos iniciais de um possível acidente causaram calafrio nos mercados globais, desencadeando uma corrida para a segurança, com os investidores liquidando ativos de ações e os denominados em euros para encher suas carteiras com títulos públicos, ouro e petróleo", afirmaram os traders do XM Group. Alguns dos ganhos "não foram afetados quando se tornou claro que a catástrofe tinha sido evitada".
Dito isto, o tom geral do mercado continua sendo muito positivo, com temores de de que as sanções do Ocidente em virtude do conflito na Ucrânia perturbem os embarques da Rússia, o maior exportador mundial de petróleo bruto e derivados combinados.
Embora as sanções aplicadas pelos Estados Unidos e aliados não visem explicitamente as exportações diárias da Rússia, de 4 a 5 milhões de barris, elas prejudicaram gravemente sua capacidade de vender seu petróleo a clientes cautelosos em serem arrastados pelos acontecimentos.
Os preços do petróleo devem registrar seu maior ganho semanal desde meados de 2020, com o WTI avançando 20% e Brent ganhando cerca de 16% após atingirem seus níveis mais elevados em uma década esta semana.
E ganhos adicionais parecem prováveis.
O número de contratos de opções do WTI saltou para mais de 240.000 nos dois primeiros dias de março, segundo dados da bolsa, cerca do dobro dos níveis observados no início do ano. O interesse tem sido mais forte nas opções de call, com os investidores apostando na alta dos preços do WTI nas próximas semanas e meses.
Uma enquete junto a analistas realizada pela Reuters indicou que o Brent ficaria em média a US$ 91,15 por barril este ano, acima do consenso de janeiro, que indicava US$ 79,16, enquanto o WTI apresentaria preço médio de US$ 87,68, acima dos US$ 76,23 avaliados em janeiro.
A única ressalva destas previsões otimistas, pressupondo que um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia não ocorra em breve, é a possível retomada do acordo nuclear iraniano.
Se as potências ocidentais e o Irã conseguirem chegar a um acordo, as sanções às exportações de petróleo do país do Golfo Pérsico poderiam ser suspensas, com potencial de liberar mais de um milhão de barris por dia de petróleo, ou cerca de 1% da oferta global, de volta ao mercado.