SÃO PAULO (Reuters) - O Produto Interno Bruto do agronegócio do Brasil deve crescer em ritmo mais lento em 2022 em meio a custos mais altos que achatam margens de agricultores, estimou nesta quarta-feira a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estimando alta entre 3% e 5% no PIB em 2022.
Segundo o estudo, realizado juntamente com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o PIB do agronegócio deve fechar 2021 com expansão de 9,37% em relação a 2020.
A maior organização agrícola do Brasil afirmou que, mesmo com a elevação dos preços de commodities e o aumento de produção de algumas culturas, a alta dos custos de produção deve achatar a margem de lucro do produtor rural de maneira geral.
A CNA também citou alguns fatores que devem determinar o comportamento da safra 2021/2022 no Brasil e precisam ser acompanhados de perto no próximo ano, como a questão da logística e a oferta de insumos -- boa parte da matéria-prima dos fertilizantes é importada, e há preocupações com a escassez de adubos no mundo, além da alta do preço.
A confederação ainda citou atenção para o desenvolvimento do fenômeno climático La Niña.
Ainda assim, a CNA projeta uma safra de grãos em volume recorde de 289 milhões de toneladas em 2022, alta de 14% ante 2021, em meio à expectativa de recuperação da produção de milho, fortemente afetada pela seca e geadas em 2021.
O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária deve somar 1,25 trilhão de reais em 2022, crescimento de 4,2% ante 2021, segundo o levantamento.
"Culturas como café, milho e trigo devem ter produções maiores, e cana-de-açúcar, café e algodão deve ter elevação nos preços. Por outro lado, soja, carne bovina e arroz devem sofrer quedas no VBP no próximo ano", disse a CNA.
(Por Roberto Samora)