PEQUIM (Reuters) - Estabelecer um pico para o consumo de carvão até 2020 poderá fazer com que a China economize bilhões de dólares em custos ambientais, reduza o consumo de água em cerca de 30 por cento e impeça dezenas de milhares de mortes por doenças relacionadas com esse mineral, de acordo com um estudo divulgado nesta quinta-feira.
Em 2014, a demanda de carvão na China caiu pela primeira vez em mais de uma década e a produção desabou 5,8 por cento no primeiro semestre deste ano, em grande parte como resultado da desaceleração nos principais setores da economia, como energia, aço e cimento.
Sem medidas específicas para conter o crescimento, porém, o consumo de carvão poderia continuar a aumentar até 2030, agravando os riscos à saúde pública e exercendo pressão sobre o abastecimento de água, já em situação difícil na China, segundo um alerta de especialistas do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC, na sigla em inglês), uma entidade focada na questão ambiental, no estudo divulgado nesta quinta-feira em Pequim.
"Se na linha do tempo o pico for fixado em 2020, vai beneficiar os recursos hídricos, meio ambiente, saúde pública, a transição para novas fontes de energia e a criação de novos empregos limpos", diz o relatório.
O carvão corresponde a mais de 75 por cento da produção total de energia da China. Enquanto alguns grupos preveem que o consumo possa atingir o pico por volta de 2019, tanto a Associação Nacional de Carvão da China como a Agência Internacional de Energia estimam que a produção continuaria a subir bem além de 2020.
A NRDC tem colaborado com entidades oficiais chinesas sobre a possibilidade de impor um limite para o consumo de carvão, e apresentará as suas conclusões ao governo no final de julho. Estima-se que a imposição de um limite no ano de 2020 sobre o uso do carvão iria levar o país a economizar cerca de 251 bilhões de iuanes (40,4 bilhões de dólares) por ano em custos ambientais e de geração de energia.