Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja da safra 2018/19 do Paraná, segundo produtor da oleaginosa no Brasil, teve início nesta semana, marcando o início mais precoce das atividades de semeadura em pelo menos cinco anos, afirmou nesta sexta-feira o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.
Chuvas que deverão continuar nos próximos dias permitiram o início dos trabalhos no Estado, com produtores vendo condições de umidade favorável para a germinação do grão.
Nos últimos dias, contudo, as mesmas precipitações podem ter prejudicado atividades mais intensas de plantio, disse à Reuters nesta sexta-feira o economista do Deral, Marcelo Garrido.
"Como está chovendo em algumas regiões, é capaz de não ter evoluído muito o plantio, mas a perspectiva é melhor do que na safra passada, quando tivemos um setembro seco", comentou ele.
Até o início da semana, o Deral contabilizava 1 por cento da área plantada no Estado, ante zero na mesma época dos últimos anos pelo menos desde 2013, segundo levantamento feito pela Reuters com base em dados do departamento.
Uma início precoce do plantio da soja é importante para o Estado, que tem semeado cada vez mais milho na segunda safra.
"Ano passado, ficamos até 28 de setembro sem chuva, isso atrasou o plantio e a colheita, e atrasou o plantio da safrinha de milho depois."
Quanto mais cedo o plantio da safrinha, melhor a janela para o desenvolvimento da safra. Se o cereal é plantado mais tarde, fica mais sujeito à falta de chuva ou geadas --este ano, o Estado perdeu bons volumes pela seca.
Em 2018/19, a safra de soja do Paraná está estimada pelo Deral em 19,6 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 3 por cento ante 2017/18, ficando atrás apenas do recorde registrado em 2016/17 (19,9 milhões de toneladas). O Deral projeta o plantio em 5,45 milhões de hectares, com estabilidade ante a temporada passada.
Além de ser favorecido pelo clima, o plantio de soja mais precoce, na comparação com anos anteriores, ocorre após uma determinação fitossanitária no ano passado que autorizou a antecipação dos trabalhos em alguns dias.
"Diante das recentes precipitações, produtores paranaenses, especialmente da região oeste do Estado, estão semeando a oleaginosa a todo vapor. Isso porque as previsões indicam chuvas também para os próximos dias...", afirmou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em análise nesta sexta-feira.
"O lado ruim é que o recebimento de sementes está atrasado, devido às complicações logísticas no Brasil", acrescentou o Cepea.
Segundo o Deral, os produtores do sudoeste do Estado são os próximos a começar os trabalhos, que já tiveram seu início em Cascavel e Toledo (oeste).
"Conforme vai andando com a colheita do trigo, vai andando com o plantio da soja, a perspectiva é boa, deu para recuperar o déficit hídrico, e alguns institutos afirmam que teremos El Niño, quando chove mais no Sul."
A expectativa é de mais de 50 milímetros de chuvas no Paraná do dia 15 até o final do mês, com precipitações na maior parte das regiões.
As chuvas também começam a chegar ao Mato Grosso, que lidera na produção de soja no Brasil, mas os volumes serão um pouco menores no mesmo período, embora algumas áreas como o norte do Estado devam receber cerca de 50 milímetros.
MATO GROSSO
Em Mato Grosso, o vazio sanitário para plantio --como forma de evitar uma disseminação maior do fungo da ferrugem asiática-- termina no sábado.
"Então, a partir do dia 16 é possível plantar. O que já deve estar ocorrendo são preparos de solo pré-plantio", afirmou o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
Ele explicou que os produtores, em geral, aguardam maiores volumes de chuvas para iniciar os trabalhos, destacando que aqueles que "começam cedo são os que terão de plantar algodão".
De acordo com a última pesquisa do Imea, publicada em maio pelo órgão ligado ao setor produtivo, o Mato Grosso deverá semear uma área recorde com a oleaginosa na safra 2018/19, a 9,58 milhões de hectares, aumento de 1,22 por cento sobre o atual ciclo 2017/18.
A safra está estimada em 32,32 milhões de toneladas.
Mato Grosso e Paraná têm respondido por mais de 40 por cento da safra do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
(Por Roberto Samora)