Plantio e produção de soja do Brasil devem avançar para recordes em 2021/22, diz Safras

Publicado 16.07.2021, 15:27
© Reuters. Lavoura de trigo
15/07/2021
REUTERS/Tingshu Wang
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SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores brasileiros de soja deverão semear 39,82 milhões de hectares na próxima temporada, que será plantada a partir de setembro, alta de 2,3% ante o ciclo anterior, configurando a maior área da história, estimou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado em seu primeiro levantamento de intenções de plantio para 2021/22.

Com uma possível elevação de produtividade, de 3.542 quilos para 3.590 quilos por hectare, a produção nacional deve atingir 142,24 milhões de toneladas, 3,7% maior que o recorde de 137,19 milhões obtido neste ano.

"As fortes rentabilidades registradas ao longo de 2020 e 2021, aliadas à manutenção de preços elevados no segundo semestre deste ano, serão os principais fatores de incentivo para um novo crescimento da área brasileira de soja", disse em nota o analista da consultoria Luiz Fernando Roque.

Ele acredita que a oleaginosa ganhará terreno frente à abertura de novas áreas e recuperação/utilização de pastagens degradadas, mas o avanço no plantio é um pouco menor em relação a ciclos anteriores porque o milho também tem registrado boas margens e deve se expandir na safra de verão.

"O maior aumento percentual de área deverá novamente ficar com a região Norte, onde a fronteira agrícola encontra mais espaço para crescimento. Entre os principais Estados produtores, destaque para o Mato Grosso, que mesmo com a maior área semeada no país, deverá registrar um novo aumento considerável."

Segundo a Safras, o avanço de área estimado para Mato Grosso é de 3,5%, para 10,82 milhões de hectares. Ao todo, o Centro-Oeste deve responder por 18,18 milhões de hectares plantados, alta de 3,2%. Na região Norte o aumento projetado é de 4,1%, para 2,43 milhões de hectares.

MILHO E ALGODÃO

A área de plantio de milho na safra de verão 2021/22 deverá crescer 1,2%, ocupando 4,404 milhões de hectares no centro-sul, estimou a consultoria.

De acordo com o analista da Safras & Mercado Paulo Molinari, deve haver um crescimento na produtividade média do cereal de verão, que passaria de 4.973 quilos por hectare para 5.828 quilos por hectare.

"Com isso, a produção da primeira safra 2021/22 do centro-sul do cereal poderia atingir 25,667 milhões de toneladas. Na safra 2020/21, a colheita de verão ficou em 21,645 milhões de toneladas", disse o levantamento.

Em uma perspectiva preliminar, a consultoria indica uma área a ser plantada na segunda safra 2021/22 inalterada, ocupando 14,4 milhões de hectares.

Após fortes quebras causadas por problemas climáticos na temporada atual, a consultoria vê potencial para recuperação na produtividade, o que faria com a produção da "safrinha" 2021/22 chegasse a 84,85 milhões de toneladas, contra 56,75 milhões de toneladas projetadas para 2020/21.

Já a área total de milho deverá ocupar 21,19 milhões de hectares na próxima temporada, com ligeiro avanço de 0,4%.

"A produção (total) tende a ser recorde, atingindo 122,67 milhões de toneladas na safra 2021/22, frente às 90,4 milhões de toneladas projetadas para a safra 2020/21", disse Molinari.

Ainda de acordo com a consultoria, a área semeada com algodão deverá ser de 1,307 milhão de hectares em 2021/22, recuo 5,5%.

A indicação inicial é de um avanço de 2,48% na produtividade, para 1.778 quilos por hectare. Com isso, a produção poderá atingir 2,325 milhões de toneladas, queda de 3,1%.

   Para o analista da Safras Élcio Bento o setor ainda aguarda a definição de alguns fatores para consolidar sua tomada de decisão. "Um deles é a safra atual, com a colheita ainda em fase inicial e com incertezas sobre os números de produtividade".

© Reuters. Lavoura de trigo
15/07/2021
REUTERS/Tingshu Wang

   Além disso, a demanda externa tende a continuar agressiva, enxugando os estoques e gerando um cenário atrativo para preços no próximo ciclo.

"A cultura (algodão) terá que disputar área com outras que atualmente apresentam rentabilidade superior, com um ciclo vegetativo mais curto e com custos de produção entre 3 e 4 vezes menor que o do algodão", acrescentou o analista.  

 

(Por Nayara Figueiredo)

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