Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - O acesso de caminhões ao porto de Santos será flexibilizado nas próximas noites e madrugadas, com a formação de comboios que passarão por dentro da cidade, aliviando parcialmente um bloqueio aos veículos de carga que já começa a prejudicar os embarques de soja e outros produtos.
Desde segunda-feira o acesso de caminhões à margem direita do porto, no município de Santos, está restrito devido a um incêndio em um terminal de armazenagem de combustíveis no distrito da Alemoa, ao lado da principal via de acesso na entrada da cidade.
Uma operação inicial já foi realizada nas últimas duas noites, com permissão de passagem de 250 caminhões na segunda-feira e outros 750 na noite de terça-feira. A ideia das autoridades locais é elevar o número na noite desta quarta.
"Estamos fazendo uma passagem programada... Sempre tentando aumentar o número", disse à Reuters o secretário municipal de Assuntos Portuários de Santos, José Eduardo Lopes. "O que estamos tentando fazer é compatibilizar todo mundo."
De maneira geral, os caminhões continuam proibidos de acessar a margem direita do porto, especialmente durante o dia.
Segundo a assessoria de imprensa da Codesp, entram nos comboios principalmente os caminhões que deixaram a origem antes do anúncio da proibição do tráfego, no domingo, além de cargas de produtos perecíveis, por exemplo.
"A Codesp informa que, não obstante o avanço no combate ao incêndio, com boas perspectivas para um final próximo, ainda persistem focos nas bases dos tanques... de forma que, mesmo com a possível extinção total das chamas, ainda hoje, será necessário um período de rescaldo e limpeza dos acessos para que o tráfego possa fluir de forma segura", disse em comunicado no início da noite.
A interdição está prevista para terminar na sexta-feira, mas a situação é avaliada a cada 12 horas pelas autoridades que trabalham no combate ao incêndio, podendo haver uma liberação antecipada caso o quadro na região melhore.
Segundo Lopes, já é procedimento normal para os caminhões graneleiros ficarem esperando o horário de descarregamento nos pátios reguladores existentes no entorno de Santos. Estes e outros veículos são organizados em comboios pelas autoridades de trânsito para passarem pelo centro da cidade entre 22h a 4h.
"A medida (de restrição aos caminhões) tem o objetivo de evitar congestionamentos na entrada da cidade enquanto as equipes ainda trabalham no combate ao incêndio em tanques no bairro Alemoa", destacou a concessionária Ecovias, que administra as rodovias que ligam São Paulo à Baixada Santista.
A Ecovias acrescentou que, por conta da triagem realizada pela polícia rodoviária aos veículos comerciais com destino ao Porto de Santos, a rodovia Anchieta está com tráfego lento em alguns pontos.
O incêndio começou na quinta-feira em uma unidade da Ultracargo, do Grupo Ultra, e ainda não foi debelado. Na tarde desta quarta-feira, um dos tanques ainda tinha fogo e 140 bombeiros trabalhavam no local.
Grandes empresas exportadoras de soja que operam na margem direita do porto de Santos não têm mais estoques suficientes para manter o ritmo habitual de embarques, disse na terça-feira a Abiove, entidade que reúne as grandes indústrias e tradings do setor.
A operação de terminais de açúcar, no entanto, não tem sido impactada de forma relevante. As duas principais empresas do setor que operam na margem direita de Santos são Copersucar e a Rumo Logística, que transporta principalmente açúcar produzido pela Cosan.
"Em relação aos (terminais) açucareiros, não deverá ter impacto, se o governo mantiver essa decisão (de bloqueio a caminhões) até sexta-feira, porque a maior parte do açúcar chega por trilho. Não deve dar tempo de causar impacto", avaliou o coordenador operacional da agência marítima Unimar, Wellington Martins.
A Rumo e a Copersucar informaram que seu recebimento de açúcar nesta quarta-feira por via férrea está normal.