SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de contratos no mercado livre de eletricidade para 2016 dispararam após a publicação na quarta-feira de uma revisão das projeções oficiais do governo sobre a demanda, que agora apontam para alta de 1 por cento na carga de energia neste ano, ante queda de 2,4 por cento esperada anteriormente.
Segundo operadores do mercado ouvidos pela Reuters, a alta dos preços é resultado de uma corrida de comercializadores e consumidores para comprar contratos e fechar posições diante de uma expectativa de que os preços não voltarão às mínimas desde 2012 registradas mais cedo neste ano.
Contratos de prazo mais curto chegaram a custar 60 reais por megawatt-hora em março, em meio a boas chuvas, segundo a consultoria Dcide.
Já nesta quinta-feira os contratos para fornecimento entre agosto e dezembro de 2016 eram cotados a 175 reais por megawatt-hora, com alta de 17 por cento ante os preços da quarta-feira, antes da revisão de carga, afirmou o diretor da Esfera Energia Braz Justi.
"O pessoal está com bastante preocupação. Os preços subiram muito, o que nos parece é que tinha muita gente com posição aberta que agora não quer ficar no risco. Vai acontecer um efeito manada para tentar travar posição, principalmente para o final de 2016", afirmou.
O diretor da Safira Energia, Fábio Cubeiros, também vê uma corrida por cobertura de posições vendidas no mercado.
"O que aconteceu, o mercado já refletiu isso, é que já tem uma certa movimentação com essa tendência de elevação de preço, o pessoal tentando fechar posições. O último quadrimestre, principalmente, está bastante pressionado, teve uma boa elevação", disse.
Braz, da Esfera, afirmou que agora as cotações devem se acomodar, mas ainda assim há um certo estresse, com um sentimento de que acabou o tempo de barganhas no mercado livre de eletricidade.
"Olhando estruturalmente, acho que não temos subsídios para deflagrar uma preocupação com uma subida ainda maior de preços, estrutural... mas aqueles preços baixíssimos provavelmente não vamos ver mais", afirmou.
A revisão de carga apresentada na quarta-feira pela estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vê crescimento de 2,4 por cento da carga em 2017, de 3,7 por cento em 2018, 4,1 por cento em 2019 e 4,5 por cento em 2020.
No acumulado entre 2016 e 2020, o crescimento médio seria de 3,7 por cento.
As projeções anteriores eram de alta de 2,5 por cento em 2017, de 3,9 por cento em 2019, 4,2 por cento em 2019 e 5,3 por cento em 2020, em uma expansão média anual de 4 por cento entre 2016 e 2020.
(Por Luciano Costa)