Por Peter Nurse
Investing.com -- Os preços do petróleo subiram quarta-feira, com a ameaça de que a crise no Cazaquistão venha a interromper os fornecimentos de um dos maiores produtores do mundo, membro do cartel da OPEP+.
Às 14h (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo WTI, comercializado em Nova York e referência de preços nos EUA, eram negociados com alta de 2,79% a US$ 80,00 por barril, enquanto os contratos do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, apresentavam alta de 2,14% a US$ 82,53.
A Rússia enviou tropas para seu vizinho Cazaquistão a fim de tentar apaziguar os violentos protestos, aparentemente desencadeados pelo mais recente forte aumento dos preços dos combustíveis. Embora não haja indícios de que a produção de petróleo tenha sido afetada até agora, a ex-república soviética produz atualmente 1,6 milhão de barris de petróleo por dia.
Esta notícia reforça preocupações crescentes de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia - um grupo conhecido como OPEP+ - terá muita dificuldade em aumentar a produção de petróleo em fevereiro, como prometido no início desta semana.
"Alguns produtores da OPEP apresentaram níveis de extração abaixo dos níveis acordados por vários meses devido a transtornos e falta de investimentos em campos", afirmaram os analistas do ING em relatório.
Além disso, a produção de petróleo registra uma queda de mais de 500.000 barris por dia na Líbia que não fazia parte das reduções de fornecimento da OPEP, devido à manutenção de oleodutos e a à paralisação de campos de petróleo.
Apenas dois dos grandes produtores do mundo - a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos - conseguem atualmente bombear mais petróleo do que há dois anos, de acordo com o chefe da pesquisa de commodities do Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34), Jeff Currie.
O Goldman Sachs está "extremamente otimista" com as commodities, disse Currie, num super ciclo com potencial de durar uma década.
O preço-alvo do influente banco de investimento para o petróleo Brent no primeiro trimestre é de US$ 85 por barril, mas isso levava em conta a premissa de que a produção iraniana voltaria ao mercado mais tarde esse ano, o que parece cada vez mais improvável, acrescentou.
A única ressalva imediata para esta perspetiva otimista em relação aos preços do petróleo é a disseminação contínua da variante ômicron da Covid-19, com os EUA tendo registrado um recorde global de mais de 1 milhão de novos casos diários no início desta semana. Se este cenário continuar, poderá levar a medidas mais agressivas a fim de reduzir a mobilidade ou, pelo menos, menos, a procura por viagens.
Os dados da Energy Information Administration dos EUA de quarta-feira mostraram que os inventários de gasolina registraram uma expansão de 10 milhões de barris na semana passada, o maior acúmulo semanal desde abril de 2020, o que sugere que isso pode se tornar uma possibilidade.
Com isso dito, a OPEP+ minimizou o impacto da variante ômicron sobre a demanda num relatório técnico no início dessa semana, afirmando que seria "suave e de curta duração".