Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O preço médio do diesel caiu 9 por cento nesta semana nos postos do Brasil, apontaram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), após o governo prometer aos caminhoneiros um corte dos valores do combustível fóssil, para encerrar uma grande paralisação.
O valor médio do diesel nos postos atingiu uma média de 3,482 reais por litro nesta semana, queda de 0,346 reais por litro, ou 9 por cento, ante o recorde de 3,828 reais na semana passada, segundo pesquisa semanal da agência reguladora. O recuo nos postos, no entanto, ainda não refletiu a redução média de 0,46 real por litro realizada nas refinarias, em 1º de junho, e prometido pelo governo federal aos caminhoneiros, ante o valor registrado quando começaram os protestos, em 21 de maio.
O diretor da ANP Aurélio Amaral explicou à Reuters que isso ocorre porque nem todos no setor de combustíveis tiveram acesso à subvenção realizada pelo governo federal, já que muitos estoques com preços antigos ainda não foram totalmente consumidos. Além disso, Amaral explicou que diversos Estados ainda precisam reduzir o preço de referência para a cobrança do imposto ICMS para que o corte, que já está em vigor nas refinarias desde 1º de junho, possa chegar inteiramente aos consumidores finais, nos postos de combustíveis. "Cada Estado pode fazer isolado. Mas geralmente isso é um acordo político, tem que fazer de forma coordenada", disse Amaral à Reuters.
O resultado da pesquisa da ANP já havia sido parcialmente antecipado no início desta semana, quando a associação Plural (ex-Sindicom), que representa as principais distribuidoras do país, havia informado que o corte de 0,46 real por litro nos postos apenas será possível dentro de 15 ou 30 dias.
Isso porque o corte foi aplicado no diesel puro, vendido nas refinarias, enquanto o diesel vendido nos postos de combustíveis recebe a adição de 10 por cento de biodiesel, mais caro que o combustível fóssil, segundo explicou o presidente da Plural Leonardo Gadotti. Para completar o corte nos postos, explicou, Estados brasileiros estão reduzindo a cobrança do ICMS. Nas refinarias, o corte foi possível depois que a Petrobras (SA:PETR4) aderiu a um programa de subvenção do governo federal, reduzindo e congelando os preços, contando que será ressarcida por possíveis prejuízos. Uma redução de tributos federais também foi realizada.
DEMAIS COMBUSTÍVEIS
A gasolina, por sua vez, registrou queda de 0,2 por cento, para 4,603 reais por litro, ante a máxima registrada na semana passada, segundo a ANP, depois da Petrobras realizar cortes no preço do combustível ao longo da semana, em meio a uma queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional.
No caso da gasolina, a Petrobras permanece administrando reajustes quase que diários, seguindo indicadores internacionais, como preço do barril do petróleo e o dólar, em busca de rentabilidade. Na quinta-feira, o presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que aguardará resultados de consulta pública sobre preços dos combustíveis anunciada pela ANP antes de decidir se será necessária uma mudança na frequência dos reajustes realizados pela companhia na gasolina.
A consulta pública visa obter contribuições da sociedade para a elaboração de uma resolução sobre periodicidade do repasse dos reajustes de preços de combustíveis. O processo será realizado entre 11 de junho e 2 de julho e é aberto a órgãos e entidades dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a todo mercado petrolífero, aos consumidores, a segmentos técnicos e ao público interessado no tema.
O etanol hidratado, concorrente da gasolina nas bombas, por sua vez, teve alta de quase 1 por cento, para 2,982 reais por litro, mostrou a pesquisa da ANP.
(Com reportagem adicional para José Roberto Gomes)