Por Tom Daly e Shivani Singh
PEQUIM (Reuters) - Os preços de terras raras na China devem subir além de máximas em anos já atingidas recentemente, após uma série de reportagens na mídia estatal apontarem que o governo chinês poderia utilizar seu domínio sobre a oferta desses valorizados minerais em meio à sua guerra comercial com os Estados Unidos.
As chamadas terras raras, um grupo de 17 elementos que aparecem em pequenas concentrações no solo, são utilizadas em diversos produtos, desde lasers e equipamentos militares a ímãs encontrados em aparelhos eletrônicos.
A China forneceu 80% das terras raras importadas pelos EUA de 2014 a 2017.
Jornais estatais chineses publicaram no mês passado que Pequim poderia utilizar sua liderança nesses materiais na atual disputa comercial com os EUA.
"Elas são os materiais ideais para serem utilizados como arma... porque eles são muito essenciais para indústrias de alta demanda, altamente competitivas e sensíveis a preços", disse Ryan Castilloux, diretor da Adamas Intelligence, consultoria que segue os mercados de terras raras.
Para ele, os preços das terras raras devem continuar subindo.
Os preços do metal disprósio, por exemplo, usado em ímãs, lâmpadas de alta potência e hastes de controle nuclear, estão atualmente no maior nível desde junho de 2015, em 2.025 iuanes (292,98 dólares) por quilo, segundo a Asian Metal.
Isso representa uma alta de quase 14% ante 20 de maio, quando o presidente chinês Xi Junping visitou uma planta de terras raras, levantando especulações de que esses materiais poderiam ser a próxima frente de batalha na guerra comercial.
O preço do neodímio metálico, crítico para a produção de alguns ímãs usados em motores e turbinas, subiu para o maior patamar desde julho passado, a 63,25 dólares por quilo, alta de cerca de 30% desde 20 de maio, segundo a Asian Metal.
O preço do óxido de gadolínio, usado em dispositivos de imagens médicas e células de combustível, subiu 12,6% desde 20 de maio, para 192.500 iuanes por tonelada, o maior nível em cinco anos.
A Asian Metal é uma agência de pesquisa e relatórios de preços que acompanha terras raras.
Os preços das terras raras chinesas começaram a se mover "logo após a China ter anunciado a proibição das importações" de terras raras de Mianmar, disse Helen Lau, analista da Argonaut Securities em Hong Kong.
O jornal estatal Securities Times informou em 13 de maio que a alfândega na província de Yunnan, no sudoeste do país, proibiria as importações de terras raras da vizinha Mianmar, um importante fornecedor de matéria-prima de terras raras, a partir de 15 de maio.
"Alguns dias depois, você pode ver um grande movimento nos preços --e isso foi principalmente devido a esse possível uso das terras raras como arma", disse Lau.
"Se a China realmente utilizar as terras raras como arma, os EUA não terão oferta suficiente porque precisam de algum tempo para construir sua própria capacidade de processamento, que atualmente é zero", acrescentou ela.