NOVA YORK (Reuters) - Os preços globais do petróleo deverão se manter em torno de 70 dólares o barril em 2015, potencialmente reduzindo a produção de óleo não convencional (xisto) dos Estados Unidos e disparando aquisições por parte de empresas que têm condições de lutar com cotações mais baixas, de acordo com oito relatórios dos analistas compilados pela Reuters.
A nova rodada de avaliações veio depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, concordou na quinta-feira passada em manter a sua cota de produção de 30 milhões de barris por dia, apesar do declínio dos preços do petróleo.
A decisão da Opep não foi inesperada, ressaltaram analistas, sinalizando que o grupo de países produtores de petróleo está disposto a deixar o mercado ditar os níveis de produção e de preços.
"Provavelmente é hora de admitir que estamos agora em um mundo de petróleo de 70 dólares", escreveu Jason Wangler, da Wunderlich Securities.
Os preços mais baixos serão um teste para os produtores dos EUA, particularmente do petróleo não convencional, cujo boom ajudou a elevar a produção norte-americana e a pressionar as cotações globais.
Um consenso de analistas indica que a produção nos EUA provavelmente vai continuar a crescer como esperado no primeiro semestre de 2015, mas a taxa de crescimento vai desacelerar no segundo semestre do ano, sob o peso de preços mais baixos do petróleo.
"Achamos que a desaceleração do rolo compressor da oferta dos Estados Unidos poderia levar de três a nove meses após reduções de investimentos, antes que haja desaceleração verificável no crescimento da oferta dos EUA", escreveu a First Energy Capital.
Os cortes de produção causados por preços mais baixos acabarão por ajudar a apertar a oferta e a elevar os preços em 2016, disseram os analistas.
As cotações mais baixas do petróleo também vão testar a capacidade das empresas que dependem fortemente dos preços do petróleo mais elevados, deixando alguns expostos a aquisições.
"O mercado difícil provavelmente vai levar muitas empresas a mudar a sua estratégia de forma mais drástica do que assumir uma postura defensiva", disse Wangler, da Wunderlich Securities.
"Achamos que as empresas mais fortes vão usar essa oportunidade para fazer aquisições inteligentes no futuro."
Os analistas preveem que a Opep provavelmente vai decidir cortar as cotas de produção no próximo ano --especialmente se os preços mergulharem para 60 dólares por barril --talvez até mesmo antes de sua próxima reunião, prevista para junho.
(Por Jarrett Renshaw)