TRÍPOLI/JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro da Líbia demitiu a ministra das Relações Exteriores, Najla Mangoush, nesta segunda-feira, em um esforço para conter o furor sobre a reunião da chanceler com seu homólogo israelense na semana passada, que gerou protestos durante a noite em várias cidades da Líbia.
Mangoush disse que seu encontro com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, em Roma, não foi planejado e foi informal, mas uma autoridade israelense disse à Reuters que a reunião durou duas horas e foi aprovada "pelos mais altos níveis na Líbia".
A reunião é controversa porque a Líbia não reconhece formalmente Israel e existe um apoio público generalizado em todo o espectro político líbio à causa palestina de criação de um Estado independente no território ocupado por Israel.
A polêmica sobre a reunião fomentou uma crise política interna na Líbia, dando munição aos críticos internos do primeiro-ministro Abdulhamid al-Dbeibah em um momento em que o futuro de seu governo interino já está em questão.
A Líbia não tem um governo central estável desde a derrubada de Muammar Gaddafi em 2011. O governo interino de Dbeibah, no cargo desde 2021, não é reconhecido por algumas das principais facções e há um impulso político crescente para substituí-lo por uma nova administração unificada destinada a organizar eleições nacionais.
Manifestantes protestaram em frente ao Ministério das Relações Exteriores da Líbia na noite de domingo, causando alguns danos no exterior do edifício, onde uma grande presença de segurança era visível na manhã desta segunda-feira. Os protestos ocorreram em outras partes de Trípoli, bem como em outras cidades.
Pneus queimados bloquearam algumas vias importantes em Trípoli nesta segunda-feira, mas não houve sinal de violência.
O gabinete de Mangoush tentou conter a raiva na noite de domingo, dizendo que ela rejeitou um pedido de reunião oficial com Cohen, mas que eles se encontraram de forma não planejada enquanto ela se reunia com o ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani.
A fonte israelense contestou esse relato. "A reunião foi coordenada ao mais alto nível na Líbia e durou quase duas horas. O primeiro-ministro da Líbia vê Israel como uma possível ponte para o Ocidente e o governo dos Estados Unidos", disse.
Uma segunda autoridade líbia disse que Dbeibah pediu à Itália que organizasse a reunião na esperança de obter um apoio mais forte dos EUA e de outros países para o seu governo interino.
Desde 2020, Israel normalizou as relações com Emirados Árabes Unidos, Barein, Marrocos e Sudão através dos chamados "Acordos de Abraham", mediados pelos EUA, que veem novos acordos com os Estados árabes como um objetivo regional fundamental.
(Por Dan Williams em Jerusalém)