Por Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - É mais provável que a China coopere com as reformas comerciais globais se não se sentir alvo de outras potências internacionais, afirmou a chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta segunda-feira.
Ansiosos com as poderosas empresas estatais da China, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão estão pressionando por restrições aos subsídios industriais que, segundo eles, distorcem a economia global.
No entanto, suas propostas requerem aprovação unânime dos 164 membros da OMC, incluindo a China. Eles também argumentam que a China não deve mais se beneficiar das concessões aos países em desenvolvimento, uma vez que está em vias de se tornar a maior economia do mundo.
"Também temos que mostrar que a China não está sendo alvo... Quando a China sente que está sendo alvo, e só a China, você encontra muita resistência", disse a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, em uma conferência organizada pela Comissão Europeia.
"As negociações que tive com a China foram muito construtivas e acho que se colocarmos os fatos sobre a mesa, sobre as repercussões negativas de tais subsídios industriais e compartilharmos com a China, eles estarão dispostos a olhar para isso."
Pequim deve estar ciente de que suas políticas não afetam apenas os países ricos que estão reclamando, mas também os países em desenvolvimento, disse a diretora da OMC.
A China seria mais receptiva, disse ela, se visse a OMC tratando de outros tipos de subsídios. Pequim quer restringir os subsídios para a agricultura, predominantes em mercados desenvolvidos e emergentes de grande porte, muitas vezes prejudicando os países pobres.
Okonjo-Iweala disse que os subsídios agrícolas globais giram em torno de 1 trilhão de dólares por ano e podem chegar a 2 trilhões de dólares em 2030.
Ela disse que a OMC agora está trabalhando com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico em um estudo sobre subsídios em geral para "colocar alguns fatos objetivos na mesa".
(Por Philip Blenkinsop)