SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na primeira quinzena de junho somou 1,97 milhão de toneladas, volume abaixo do esperado pelo mercado e também uma queda de 15 por cento ante mesmo período de 2014, segundo dados divulgados nesta terça-feira a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
O mercado esperava uma produção de 2,06 milhões a 2,14 milhões de toneladas na quinzena.
O açúcar bruto negociado em Nova York reduziu perdas após a divulgação dos dados de produção da região que responde por cerca de 90 por cento da safra do maior produtor e exportador global da commodity.
Às 12h46 (horário de Brasília), o contrato outubro caía 0,17 por cento, 11,92 centavos de dólar por libra-peso, após mínima de 11,80 centavos.
A produção do centro-sul foi impactada por uma queda de 5,2 por cento na moagem, para 39,38 milhões de toneladas de cana, que afetou também a produção de etanol, com baixa de 4 por cento na quinzena na comparação anual, para 1,66 bilhão de litros.
Até 16 de junho, 264 unidades estavam processando cana no centro-sul, contra 271 observadas até a mesma data de 2014, segundo a Unica.
No acumulado da safra, a moagem de cana atingiu 153,9 milhões de toneladas, ante 158,85 milhões de toneladas em 2014/15, redução de 3,1 por cento na comparação anual.
"A moagem na safra 2015/16 ainda continua inferior àquela observada no último ano, e as condições climáticas nos próximos meses serão fundamentais para determinar o ritmo de processamento e o número final de moagem da atual safra", disse em nota o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
A fabricação de açúcar acumulada até 16 de junho totalizou 6,75 milhões de toneladas, mais de um milhão de toneladas abaixo do volume observado em igual período da safra 2014/2015.
Já a produção de etanol acumulada na safra período alcançou 6,58 bilhões de litros (leve alta de 0,24 por cento ante 14/15), dos quais 4,5 bilhões de litros de hidratado e 2,08 bilhões de litros de anidro.
"Mais uma vez, os números de produção registrados até o momento confirmam a tendência de um mix de produção mais alcooleiro para a atual safra", disse Padua.
No acumulado desde o início da safra até a primeira metade de junho, 61 por cento da matéria-prima processada direcionou-se à produção do biocombustível, ante 58 por cento verificados até a mesma data de 2014.
"Os números dão sustentação (aos preços), uma vez que o mix está ficando fortemente favorável ao etanol, enquanto a produção de açúcar está agora 13 por cento abaixo da do mesmo período do ano passado (no acumulado da safra). O ATR está ficando bem atrás", disse o diretor de Commodities da Société Générale (PARIS:SOGN) Michael McDougall.
No acumulado desde o início da atual safra 2015/16 até 16 de junho, a concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) totalizou 118,4 kg por tonelada de matéria-prima, mais de 3 kg abaixo do registrado em igual período de 2014.
(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira; Reportagem adicional de Chris Prentice, em Nova York)