Por Dave Sherwood e Alexandre Meneghini
HAVANA (Reuters) - Equipes restauraram a energia em mais bairros de Havana neste sábado, após uma segunda noite de protestos contra os apagões prolongados em vários bairros da capital cubana na sexta-feira, em alguns dos maiores comícios na cidade desde as manifestações antigovernamentais em julho do ano passado.
Pelo menos um dos protestos no bairro ocidental de Playa expandiu para várias centenas de pessoas que gritavam "acenda as luzes", assim como slogans antigovernamentais depreciando o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Em certo momento, o grupo começou a gritar por liberdade, ou "libertad", em espanhol, enquanto manifestantes caminhavam por um bairro escuro e densamente povoado que está sem eletricidade desde que o furacão Ian atingiu a ilha na terça-feira.
Publicações nas redes sociais também mostram protestos menores em outros lugares de Havana na sexta-feira. Os protestos, que permaneceram pacíficos, pareceram limitados àqueles lugares onde a energia ainda não havia sido restaurada.
O furacão Ian deixou todo o país de 11 milhões de habitantes sem energia quando atravessou o oeste de Cuba no início desta semana. Até o meio-dia de sexta-feira, autoridades disseram que a eletricidade havia sido restaurada para mais de 60% dos clientes em Havana, uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes, mas os que ainda permaneciam no escuro estavam cada vez mais ansiosos.
"É como estar no inferno", disse Carlos Felipe Garcia, que marchava sem camisa e coberto de suor. "É por isso que estamos na rua e vamos continuar saindo."
Autoridades disseram na sexta-feira que esperam reestabelecer a energia na maior parte de Havana até o final do fim de semana.
Conforme o protesto em Playa ganhava força, o movimento foi acompanhado por vários caminhões de forças de segurança, que bloquearam a avenida principal, impedindo que os marchantes avançassem, de acordo com uma testemunha da Reuters.
Não foram observados confrontos ou prisões.
Protestos de rua em Cuba --um país comunista-- são muito raros. Em 11 de julho de 2021, manifestações antigovernamentais abalaram a ilha, as maiores desse tipo desde a revolução de Castro em 1959.
(Por Dave Sherwood, Mario Fuentes, Alexandre Meneghini e Nelson Gonzalez em Havana; reportagem adicional de Nelson Acosta)