MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que a Rússia está preparada para se retirar de um acordo que permite a exportação de grãos ucranianos via Mar Negro, a menos que suas próprias demandas sejam atendidas, reafirmando a postura dura de Moscou antes do término do acordo na próxima segunda-feira.
Putin, em comentários à TV estatal russa, também disse que a Organização das Nações Unidas até agora não conseguiu encontrar uma solução satisfatória para a questão e negou ter recebido qualquer carta contendo propostas do secretário-geral da ONU.
"Podemos suspender nossa participação no acordo e, se todos mais uma vez disserem que todas as promessas feitas a nós serão cumpridas, deixe-os cumprir essa promessa. Voltaremos imediatamente a este acordo", disse Putin.
Um porta-voz do Kremlin esclareceu mais tarde que a Rússia não havia tomado uma decisão final sobre a saída do acordo de grãos.
A ONU e a Turquia intermediaram a Iniciativa de Grãos do Mar Negro com a Rússia e a Ucrânia em julho de 2022 para ajudar a aliviar uma crise alimentar global que piorou depois que Moscou enviou forças para a Ucrânia e bloqueou os portos ucranianos.
Para convencer Putin a concordar com o acordo, autoridades da ONU também concordaram em ajudar a Rússia a levar suas exportações de alimentos e fertilizantes para mercados estrangeiros -- algo que Moscou diz que eles falharam em fazer.
Embora as exportações russas de alimentos e fertilizantes não estejam sujeitas às sanções ocidentais impostas por causa da campanha militar russa na Ucrânia, Moscou diz que as restrições a pagamentos, logística e seguro representam uma barreira aos embarques.
Fontes disseram à Reuters que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, escreveu a Putin sugerindo que Moscou permitisse que o acordo continuasse por vários meses para dar à União Europeia tempo para conectar uma subsidiária do Banco de Agricultura da Rússia (Rosselkhozbank) à rede internacional de pagamentos Swift.
Putin disse nesta quinta-feira que não recebeu nenhuma mensagem desse tipo.
(Reportagem da Reuters)