LONDRES (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu nesta sexta-feira com líderes da União Africana (UA), e o Kremlin disse que Putin irá dizer a eles que Moscou não é a culpada pela crescente crise alimentar que afeta seu continente.
A TV estatal mostrou Putin cumprimentando o presidente senegalês Macky Sall, presidente da UA, e Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, no início de conversações no resort de Sochi, no sul da Rússia.
O Exército da Rússia tomou grande parte da costa sul da Ucrânia no decorrer da guerra de 100 dias e seus navios de guerra controlam o acesso aos portos do Mar Negro do país. Mas Moscou continua culpando a Ucrânia e o Ocidente pela interrupção das exportações de grãos ucranianos.
"Com um alto grau de probabilidade e confiança, suponho que o presidente dará explicações exaustivas de sua visão da situação sobre os grãos ucranianos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.
"O presidente dirá aos nossos amigos africanos o estado real das coisas, explicará mais uma vez o que está acontecendo lá, quem colocou minas nos portos, o que é necessário para o transporte de grãos, que ninguém do lado russo está bloqueando esses portos", declarou Peskov.
Os países africanos estão sendo fortemente afetados pela crescente crise, que elevou os preços de grãos, óleos de cozinha, combustíveis e fertilizantes.
A Rússia e a Ucrânia respondem por quase um terço da oferta global de trigo, enquanto a Rússia também é um importante exportador global de fertilizantes e a Ucrânia um grande exportador de milho e óleo de girassol.
Moscou atribui a situação a todas as minas navais que flutuam perto dos portos ucranianos e às sanções ocidentais que estão atingindo suas próprias exportações de grãos e fertilizantes por causa do impacto no transporte, bancos e seguros.
A Rússia disse que está pronta para permitir que navios que transportam alimentos deixem a Ucrânia em troca da suspensão de algumas sanções, uma proposta que a Ucrânia descreveu como "chantagem".