(Reuters) - As autoridades da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) concordaram nesta segunda-feira em estender até março de 2020 os cortes de oferta promovidos pelo grupo, visando a elevação dos preços e a redução dos riscos de excesso de oferta, considerando a crescente produção dos Estados Unidos e o enfraquecimento da economia global.
Veja abaixo as reações ao anúncio:
REAÇÃO DO MERCADO:
Os contratos futuros dos valores de referência internacionais avançaram nesta segunda-feira, com as notícias de um acordo unânime liderado por Arábia Saudita e Rússia para a extensão dos cortes de produção, com o "benchmark" global Brent avançando 0,62% e o petróleo nos EUA saltando 1,21%.
BILL FARREN-PRICE, DIRETOR, RS ENERGY GROUP, LONDRES:
"A extensão por nove meses é sensível, mas não é nem metade do trabalho. A Opep+ terá de acertar cortes ainda mais profundos antes dessa prorrogação terminar."
ETHAN BELLAMY, DIRETOR, BAIRD & CO:
"A Opep terá de permanecer extremamente ágil. Temos sabotagens a navios-tanques e oleodutos, IMO2020, uma iminente eleição presidencial nos EUA, múltiplas disputas comerciais em andamento, um entrevero nuclear com o Irã, políticas monetárias globais acomodativas sem precedentes, e a mais veloz expansão mundial de oferta com o 'shale' (petróleo não convencional) norte-americano. Ninguém, e com isso digo ninguém mesmo, é suficientemente vidente para prever o que as confluências desses enormes fatores de mercado significarão para os mercados do petróleo daqui a um mês, muito menos um ano."
JENNIFER ROWLAND, ANALISTA-SÊNIOR DE ENERGIA, EDWARD JONES:
"Os nove meses são positivos. É fundamental ver a coesão do grupo Opep+, pois ainda estamos lidando com um mercado com excesso de oferta. É positivo para a economia; é mais uma afirmação de que temos ofertas abundantes de petróleo, mesmo com mais de dois anos de produções restritas pela Opep. Isso significa que os produtores dos EUA podem continuar a crescer, com os preços da commodity apoiando suas atividades de perfuração, e permite a eles que continuem tomando parcelas do mercado da Opep."
ROB RAYMOND, FUNDADOR, RCH ENERGY, DALLAS:
"Acreditamos que os preços do petróleo devam se estabilizar no intervalo de 55 dólares a 65 dólares para o WTI, permitindo que o 'shale' norte-americano continue a crescer, mas em uma taxa menor que nos últimos dois anos."
JOHN KILDUFF, SÓCIO, AGAIN CAPITAL, NOVA YORK:
"Os cortes são necessários, mas é um tanto notável que possamos ver a fatia de mercado da Opep cair para menos de 30%. O esquema de produção funcionou para estoques globais menores, e a extensão os mantém baixos durante o pico de demanda da temporada de inverno (do Hemisfério Norte). Até lá, os estoques em redução devem atingir um nível que cause uma diferença real no mercado e nos preços."
ANTHONY HEADRICK, ANALISTA DE MERCADO, CHS HEDGING:
"Um acordo estendido em nove meses é um suporte para os preços, pois dá crédito à resolução da Opep, mas também pode ser interpretado como um sinal de que a demanda internacional por petróleo permanece uma preocupação fundamental. Por extensão, os preços do WTI e do Brent seguirão sensíveis a quaisquer dados fracos da economia internacional."
(Reportagem de Liz Hampton, Laila Kearney, Arpan Varghese e Gary McWilliams)