ARGEL (Reuters) - Durante anos, os debates na sala de conferências da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foram dominados por confrontos entre o principal produtor Arábia Saudita e o seu arquirrival Irã.
Contudo, como os dois conseguiram fechar um compromisso raro na quarta-feira --com Riad suavizando sua atitude em relação a Teerã-- uma terceira superpotência da Opep emergiu.
O Iraque ultrapassou o Irã como o segundo maior produtor do grupo há vários anos, mas manteve sua agenda na Opep bastante discreta. Na quarta-feira, Bagdá finalmente fez sentir a sua presença.
O que os iraquianos fizeram, no entanto, não agradou nem à Arábia Saudita nem ao Irã.
O novo ministro de petróleo do Iraque, Jabar Ali al-Luaibi, disse aos seus pares saudita e iraniano, Khalid al-Falih e Bijan Zanganeh, em uma reunião a portas fechadas em Argel, que aquela "era uma reunião da Opep para todos os ministros", segundo uma fonte informada sobre as negociações.
Luaibi também disse que não gostou da ideia de estabelecer um limite máximo de produção da Opep em 32,5 milhões de barris por dia (bpd), de acordo com fontes do cartel.
Restabelecer um teto, abandonado há um ano devido a choques entre a Arábia e o Irã, era visto por alguns membros como crucial para ajudar a Opep a gerenciar um mercado com excesso de oferta e a sustentar os preços que estão muito abaixo das necessidades orçamentárias da maioria dos produtores.
Mas Luaibi disse na reunião que o novo teto não era bom para Bagdá, porque a Opep tinha subestimado a produção do Iraque, que aumentou nos últimos anos.
Depois de um debate, a Opep escolheu impor um limite máximo na faixa de 32,5 milhões e 33 milhões de bpd --uma decisão criticada por muitos analistas como fraca. A atual produção da Opep é de 33,24 milhões de bpd.
Quando ministros, como Falih e Zanganeh, surgiram sorrindo da reunião, elogiando o primeiro acordo de limites para a produção da Opep desde 2008, Luaibi chamou uma reunião separada para reclamar sobre as estimativas de produção iraquiana da Opep.
"Estes números não representam a nossa produção real", disse ele a repórteres. Se em novembro as estimativas não mudarem, então vamos dizer que não podemos aceitar isso, e vamos pedir alternativas".
(Por Rania El Gamal e Alex Lawler)