Por Viktoria Lakezina
MYKOLAIV, Ucrânia (Reuters) - A Rússia atingiu prédios residenciais nesta quinta-feira, na terceira noite consecutiva de bombardeios a cidades portuárias ucranianas, e emitiu uma nova ameaça contra embarcações com destino à Ucrânia que, segundo os Estados Unidos, significa que Moscou pode atacar navios em alto mar.
Dias depois que a Rússia abandonou um acordo mediado pela ONU para permitir que a Ucrânia exportasse grãos, novos sinais de que Moscou está disposta a usar a força para restabelecer o bloqueio a um dos maiores exportadores de alimentos do mundo elevaram os preços globais.
Moscou afirma que não participará do acordo de grãos sem melhores condições para suas próprias vendas de alimentos e fertilizantes. As Nações Unidas dizem que a decisão da Rússia ameaça a segurança alimentar das pessoas mais pobres do mundo.
Kiev espera retomar as exportações sem a participação da Rússia e disse na quarta-feira que está estabelecendo uma rota alternativa pelas águas de sua vizinha Romênia, membro da Otan.
Mas nenhum navio partiu de portos ucranianos desde que Moscou desistiu do acordo na segunda-feira, e as seguradoras têm dúvidas se conseguirão subscrever apólices para o comércio em uma zona de guerra.
Desde que desistiu do acordo, Moscou lançou mísseis todas as noites nas duas maiores cidades portuárias da Ucrânia, Odessa e Mykolaiv. Os ataques de quinta-feira pareciam ser os piores até agora, com as autoridades locais em Mykolaiv relatando pelo menos 19 feridos.
Os bombeiros lutavam contra um grande incêndio em um prédio residencial em Mykolaiv. Vários outros edifícios residenciais também foram danificados.
Autoridades também disseram que pelo menos duas pessoas ficaram feridas em ataques em Odessa, onde prédios foram incendiados.
Em sua ameaça mais explícita até agora, os militares da Rússia anunciaram que considerariam todos os navios que se dirigissem para as águas ucranianas a partir da manhã de quinta-feira como potencialmente transportando armas, e seus países como partes na guerra do lado ucraniano. Disseram que estavam declarando partes do Mar Negro como inseguras.
Washington chamou isso de um sinal de que Moscou poderia atacar a navegação civil e afirmou que a Rússia também estava lançando novas minas no mar.
"Acreditamos que este é um esforço coordenado para justificar qualquer ataque contra navios civis no Mar Negro e culpar a Ucrânia por esses ataques", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca Adam Hodge.
Futuros de trigo dos EUA subiam mais 1,5% nas primeiras horas da quinta-feira, depois de saltar 8,5% na quarta-feira, o aumento mais rápido em um único dia desde os primeiros dias da invasão da Rússia em fevereiro do ano passado.
Ucrânia e Rússia estão entre os maiores exportadores mundiais de grãos e outros alimentos. A ONU diz que retirar dezenas de milhões de toneladas de grãos ucranianos do mercado causaria escassez mundial.