Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de grãos e oleaginosas do Brasil 2015/16 foi estimada nesta terça-feira em 186,4 milhões de toneladas, queda de 10,3 por cento ou 21,4 milhões de toneladas na comparação com a temporada passada, devido a adversidades climáticas como seca e altas temperaturas que afetaram especialmente as lavouras de milho.
No seu último levantamento mensal para a temporada 2015/16, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu em mais 1,5 milhão de toneladas a previsão de colheita de milho, com novas perdas registradas na segunda safra, segundo relatório publicado nesta terça-feira.
Dessa forma, a produção total de milho vai recuar mais de 20 por cento na comparação com a safra anterior, para um total de 67 milhões de toneladas, uma situação que afetou as exportações brasileiras e que apertou as margens das indústrias de carnes, que tiveram de enfrentar preços recordes da principal matéria-prima da ração.
A Conab manteve praticamente estável a sua projeção de safra de soja, em 95,43 milhões de toneladas, na comparação com a previsão de agosto, o que representa uma queda de 0,8 por cento ante a temporada passada, quando o país teve um recorde.
A produção de soja teria potencial de atingir mais de 100 milhões de toneladas, em condições climáticas normais, segundo especialistas, uma vez que o plantio cresceu 3,6 por cento.
A previsão foi divulgada em momento em que produtores estão prestes a iniciar o plantio da nova safra de milho e soja (2016/17), que representam a maior parte da produção de grãos e oleaginosas do país.
Já a produção de algodão em pluma foi estimada em 1,29 milhão de toneladas, queda de 17,5 por cento ante a temporada passada, devido principalmente a problemas climáticos. A previsão para a pluma está em linha com estimativa de produtores antecipada pela Reuters em meados do mês passado.
A produção de feijão e arroz, cujos preços também subiram fortemente este ano, sendo os principais vilões da inflação, foi igualmente impactada pelo clima desfavorável.
A safra total de feijão foi projetada em 2,5 milhões de toneladas, queda de 21,6 por cento ante a temporada passada. Já a produção de arroz foi prevista em 10,6 milhões de toneladas, recuo de 14,8 por cento na comparação anual.
TRIGO RECORDE
A produção de trigo foi estimada em 6,16 milhões de toneladas, com ligeira redução ante a estimativa do mês passado, mas ainda em um recorde histórico.
A safra ainda ficaria acima da marca de 6,126 milhões de toneladas, que perdura desde 1987, segundo dados da Conab.
A colheita de trigo, diferentemente das culturas de verão, está apenas começando, o que implica dizer que números ainda podem ser revisados.
Na temporada passada, o Brasil colheu 5,5 milhões de toneladas de trigo.
(Por Roberto Samora)