SÃO PAULO (Reuters) - O preço médio do etanol vendido pelo Grupo São Martinho (SA:SMTO3), um dos mais tradicionais do setor sucronergético brasileiro, deve avançar 7 por cento no fechado da safra 2018/19, que se encerra em março do ano que vem, disse o diretor financeiro da empresa, Felipe Vicchiato, nesta quarta-feira.
Em teleconferência com analistas e investidores, ele previu que a cotação do biocombustível atinja uma média de 1,85 real por litro na temporada vigente, ante 1,73 real na anterior.
Atualmente, já perto da entressafra, o preço médio do etanol nas usinas paulistas (sem impostos) está em 1,73 real por litro, segundo indicador do Centro de Estudos Avançados para Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
"Ainda estamos bastante otimistas... Isso (cotação) pode ser maior se os preços do petróleo e o dólar se recuperarem, mas considerando-se a situação atual, a gente acha 1,85 real por litro bem factível", destacou Vicchiato.
De fato, os valores do álcool vêm se mantendo firmes no mercado doméstico, apesar de uma maior produção, graças à demanda aquecida e aos preços da gasolina que chegaram a tocar patamares recordes neste ano, refletindo a política de reajustes da Petrobras (SA:PETR4).
Citando dados da reguladora ANP, Vicchiato comentou que de janeiro a setembro o "market share" do etanol no ciclo Otto, que também leva em conta gasolina C, foi de 40 por cento, ante 28 por cento em igual intervalo de 2017.
De olho na tendência de alta para os preços do etanol, o Grupo São Martinho está carregando amplos estoques para venda nos dois últimos trimestres da safra. Em 31 de setembro, detinha cerca de 610 milhões de litros em reserva, 35 por cento mais na comparação anual.
"Vamos ter dois terços da produção de etanol para faturar (no final da safra)", disse o diretor da companhia.
Ele descartou por ora, entretanto, qualquer expansão de capacidade de produção, avaliando que "talvez daqui a dois anos, quando o RenovaBio ganhar tração... a gente comece a pensar em fazer novos investimentos".
O Grupo São Martinho reportou na véspera lucro líquido de 58,5 milhões de reais no segundo trimestre da safra 2018/19, correspondente ao terceiro trimestre do ano civil. O montante foi 10,4 por cento maior na comparação anual.
A geração de caixa medida pelo Ebitda Ajustado recuou 19,1 por cento, para 316,2 milhões de reais, com a moagem no acumulado dos primeiros seis meses da safra somando 18,4 milhões de toneladas (-1,3 por cento).
A empresa prevê processar cerca de 20,6 milhões de toneladas de cana no atual ciclo, volume que pode ir a 22 milhões no próximo, caso as condições climáticas sejam favoráveis, disse Vicchiato.
"Espero que tenhamos um verão dentro da normalidade."
O Grupo São Martinho tem quatro usinas, sendo três em São Paulo e uma em Goiás. Vicchiato comentou que duas delas já encerraram as atividades da safra 2018/19: São Martinho, em Pradópolis (SP), e Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP).
(Por José Roberto Gomes)