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São Paulo lança rota de enoturismo enquanto produção de vinho fino avança no Estado

Publicado 29.08.2024, 17:40
© Reuters.

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Estado de São Paulo aposta em um programa de enoturismo que inclui 66 vinícolas para impulsionar a produção e mudar a visão sobre seus vinhos finos, cuja qualidade e reconhecimento internacional ainda são desconhecidos por muitos.

O programa Rotas do Vinho vem fortalecer o turismo e a indústria vinífera paulista no momento em que o Estado já soma 267 vinícolas, enquanto o plantio de videiras aumentou mais de 700% de 2022 para 2023, para 65 mil, segundo números do governo estadual.

Agora a expectativa é de que a percepção sobre os vinhos paulistas mude, com novas técnicas de cultivo e investimentos dando frutos para produtores explorarem todo o potencial do terroir paulista, disseram representantes do governo e integrantes do setor no lançamento do programa, na noite de quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes.

"Agora todo mundo vai saber que São Paulo tem vinho de qualidade... Para aquele pessoal que está indo para a Serra Gaúcha, venha para São Paulo que aqui tem coisa boa...", disse o governador Tarcísio de Freitas, antes de participar de uma degustação coletiva dos produtos de várias vinícolas, na sede do governo.

As cinco rotas passam pela Alta Mogiana (Ribeirão Preto e região), pelo roteiro dos Bandeirantes (São Roque e região), Circuito das Frutas (Jundiaí e região), Serra dos Encontros (Espírito Santo do Pinhal e região) e Alto da Mantiqueira (São Bento do Sapucaí e região), com 55 vinícolas. Outras 11 vinícolas foram organizadas como enodestinos.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Jorge Lima, o projeto quer "mudar a visão do vinho no Estado de São Paulo", e iniciativas serão feitas também para garantir que as bebidas estejam nos cardápios dos melhores restaurantes, além de supermercados.

"Tenho feito testes às cegas com o nosso vinho, e as pessoas acham que estão tomando vinho italiano, espanhol", disse Lima, que como empresário que já foi dono de uma vinícola na Argentina.

O Estado, já um importante produtor de vinhos do Brasil, caminha para disputar no futuro a liderança com o Rio Grande do Sul. "Agora entramos na disputa", disse Lima, revelando que 70% de sua adega é de vinhos paulistas.

Gabriela Victor, viticultora, enóloga e CEO da Sampa Vinho, loja e wine bar paulistana especializada 100% em vinhos do Brasil, disse que os vinhos de São Paulo não perdem em nada se comparados aos vinhos de outras regiões brasileiras "mais tradicionais". Ela acredita que o Estado seguirá avançando no setor.

"Existem grandes investimentos sendo feitos por grandes players... Muitas antigas fazendas cafeeiras sendo transformadas em vinhedos e no plantio de oliveiras para a produção de azeites", destacou.

Para a especialista, quem degusta hoje um vinho paulista consegue perceber "uma enorme" diferença qualitativa e sensorial, já que o Estado passou a usar a técnica denominada "dupla poda" --que permite a transferência da colheita do verão para o período mais seco do inverno e faz com que as uvas cresçam num clima com alta amplitude térmica.

© Reuters. Videira
20/08/2020
REUTERS/Charles Platiau

"São vinhos mais estruturados, mais potentes, geralmente com grau alcoólico maior sem deixarem de ser elegantes, macios", disse Victor, lembrando que vários já foram premiados em concursos nacionais e internacionais, como os da vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal.

Além de estabelecer o programa de enoturismo, o Estado prevê linhas de crédito para vinícolas e empreendimentos relacionados à cadeia produtiva em um raio aproximado de 50 km das rotas --os detalhes dessas linhas serão anunciados futuramente, segundo a secretaria.

 

(Por Roberto Samora)

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