RIO DE JANEIRO (Reuters) - O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse nesta segunda-feira que deve discutir a entrega de produtos de uso duplo com o presidente chinês Xi Jinping na cúpula do G20, após relatos de que uma fábrica chinesa está produzindo drones militares para a Rússia.
A Rússia estabeleceu um programa de armas na China para desenvolver e produzir drones de ataque de longo alcance para uso na guerra contra a Ucrânia, disseram duas fontes de uma agência de inteligência europeia à Reuters em setembro.
A União Europeia tem pedido repetidamente a todos os países, inclusive à China, que não forneçam material ou outro tipo de apoio à Rússia, que iniciou uma invasão em grande escala da Ucrânia em 2022.
No início do dia, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que a ajuda chinesa com drones "deve e terá consequências".
Questionado perguntado se concordava com a ministra e se discutiria a questão com Xi, disse que sempre alertou contra o fornecimento de armas letais à Rússia e abordou o tema de bens de uso duplo em tais conversas.
"Sempre abordei a questão dos chamados bens de uso duplo, porque há práticas diferentes, mas não devemos ser ingênuos", disse Scholz. Ele acrescentou que também diria a Xi que era inaceitável que soldados norte-coreanos estivessem sendo enviados para a guerra contra a Ucrânia, e que isso era uma "mudança terrível".
Questionado sobre a decisão dos EUA de autorizar ataques aéreos ucranianos de longo alcance contra a Rússia, Scholz disse que a Alemanha não deve fazer o mesmo, nem deve enviar à Ucrânia mísseis de cruzeiro Taurus (BVMF:TASA4), de longo alcance.
Os mísseis Taurus só poderiam ser lançados caso a Alemanha compartilhasse a responsabilidade pelo controle de alvos, disse ele, tornando-a de fato uma parte da guerra.
"Isso é algo que eu não posso e não quero fazer", disse Scholz.
"Ao mesmo tempo, temos uma ideia clara de que as armas poderosas que fornecemos até o momento (...) não podem ser usadas para penetrar profundamente no interior da Rússia", disse ele, observando que havia feito uma exceção para Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, já que os ataques à cidade vinham do outro lado da fronteira russa próxima.
(Reportagem de Andreas Rinke no Rio de Janeiro, Miranda Murray e Sarah Marsh em Berlim)