Por Reese Ewing
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de café robusta do Brasil está demitindo pessoas que transportam, processam e que trabalham em armazéns, praticamente vazios por dois anos de seca que afetaram a produção, no pior problema climático em oito décadas, segundo operadores e executivos do setor.
Embora os preços nunca tenham estado tão altos, entre 427 e 434 reais por saca de conilon --a variedade de robusta produzida no Brasil--, produtores esperam outra safra fraca em 2017 à medida que arrancam pés arruinados pela seca.
Considerando os preços atuais, a safra 2016 de café robusta do Brasil está avaliada em 1,2 bilhão de dólares.
As exportações de robusta caíram 90 por cento ao longo dos últimos 12 meses em comparação com o ano anterior, disse a associação de exportadores Cecafe.
Apesar de uma forte recuperação na produção de arábica devido ao retorno das chuvas, a safra 2016 de robusta no Espírito Santo, principal Estado produtor, caiu 40 por cento para 5,95 milhões de sacas, ante seu pico em 2014.
"Armazéns e segmentos da indústria de café daqui estão colocando funcionários em licença e transferindo alguns para outras áreas", disse Luis Polese, presidente da associação de comércio de café Sindicafé. "Infelizmente, trabalhadores menos capacitados estão sendo demitidos". Ele não pôde dizer quantos funcionários foram dispensados.
O robusta costumava compor cerca de um quarto da safra de café do Brasil.
As exportações de café robusta do Brasil são quase insignificantes em comparação com as exportações de arábica. No entanto, após o declínio ao longo do último ano da safra de robusta do Vietnã, as exportações de robusta do Brasil se tornaram mais importante para a oferta global.
(Por Reese Ewing)