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Sonegação de R$3 bi atinge setor de etanol em SP, diz Plural, que apela por reforma

Publicado 15.03.2019, 19:38
© Reuters. Carro é abastecido com etanol em posto do Rio de Janeiro
PETR4
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Estado de São Paulo, líder na produção e consumo de etanol no Brasil, concentra também a maior parcela dos 4,8 bilhões de reais sonegados ao ano no setor de distribuição de combustíveis do país, afirmaram nesta sexta-feira dirigentes da associação do segmento Plural, ressaltando a importância de uma reforma tributária.

De seis grandes distribuidoras de etanol, cinco respondem por boa parte da sonegação de impostos no Estado, segundo a associação, que não revelou os nomes das empresas.

"Dos 4,8 bilhões, 3,8 bilhões de reais é sonegação em etanol, e 80 por cento disso é no Estado de São Paulo", disse o presidente da Plural, Leonardo Gadotti Filho, a jornalistas durante evento promovido pela associação.

A sonegação de impostos é um dos principais desafios para a atração de investimentos no setor de distribuição de combustíveis, que arrecada 150 bilhões de reais em impostos ao ano.

Há alguns participantes do segmento --não afiliados à Plural-- que são conhecidos como devedores contumazes de impostos, que muitas vezes têm um capital social muito menor que o seu faturamento, não pagam tributos regularmente e contam com ações judiciais para postergar os pagamentos.

"O Estado atua (cobrando os tributos), mas a Justiça tem seu tempo", acrescentou Gadotti, cuja associação tem uma campanha chamada Combustível Legal.

Ao final, o Poder Judiciário, em geral, dá ganho para o Estado nas ações tributárias do setor, mas isso demora anos e traz problemas de concorrência desleal.

Procurada para comentar o assunto, a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo não pôde se manifestar imediatamente.

No etanol, a sonegação de impostos acaba sendo mais elevada porque o imposto, além de ser cobrado na produção, é pago também na distribuição. Na gasolina e diesel, por exemplo, tributos se concentram na refinaria ou no importador.

"Ou seja, qualquer sonegação tira um concorrente do jogo", disse o diretor de Planejamento Estratégico e Mercado da Plural, Helvio Rebeschini, citando ainda que o segmento também enfrenta concorrentes desleais que se locupletam com roubos de cargas, adulteração de combustíveis, fraudes nas bombas e refinarias clandestinas.

O mercado brasileiro foi inundado por metanol importado, usado em fraudes como se fosse etanol.

Estudo do Boston Consulting Group (BCG) divulgado durante o evento da Plural apontou, com base em dados da ANP, que o volume de combustível adulterado pode variar entre 5 por cento e 19 por cento.

SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA

A sonegação de impostos, contudo, ressalta a importância de uma reforma tributária para o setor de distribuição de combustíveis, cujo preço final carrega para o consumidor final uma alta carga de tributos.

Segundo dados da reguladora ANP, os tributos federais e estaduais responderam por 43,6 por cento do preço gasolina, enquanto no caso do diesel S500 esse índice foi de 27,1 por cento.

Estudo do BCG divulgado durante o evento da Plural, que congrega associados como a Petrobras (SA:PETR4), Shell, Total, Raízen e BP, entre outras, afirmou que o elevado peso de tributos na cadeia de distribuição, associados à sua complexidade, gera meios de sonegação, levando à concorrência desleal.

Entre os problemas citados está a assimetria de tributo estadual ICMS, que pode variar fortemente entre Estados.

De acordo com Gadotti, a simplificação tributária uniformizaria o ICMS em todo o Brasil e criaria uma estabilidade no preço final, além de contribuir para o fim da guerra fiscal entre Estados, desestimulando a ocorrência de fraudes.

Uma menor concentração na produção de combustíveis fósseis, destacou o estudo, considerando que a Petrobras domina praticamente todo o parque de refino do país, também seria favorável.

"Ampliar a competição na oferta alinharia ainda mais os preços com os do mercado internacional, e o maior beneficiado seria o consumidor final", disse Gadotti, ressaltando que a Plural vê como positivo o movimento da Petrobras para vender parte de suas refinarias, atraindo novos players.

Esse movimento é importante diante do forte aumento esperado para o consumo de combustíveis em um cenário de longo prazo na comparação com os níveis atuais.

© Reuters. Carro é abastecido com etanol em posto do Rio de Janeiro

Para atender essa demanda, setor de distribuição terá que fazer investimentos de 82 bilhões de reais até 2030, segundo o estudo do BCG, montante que inclui aportes na produção de biocombustíveis, ferrovias, infraestrutura e logística.

(Por Roberto Samora)

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