SÃO PAULO (Reuters) - A produção de etanol no centro-sul do Brasil na safra 2019/20, iniciada neste mês, deve cair 9 por cento ante a temporada passada, e fabricação de açúcar tende a crescer na mesma proporção, dada a maior alocação de cana para o adoçante, projetou nesta quinta-feira a trading especializada SCA.
Já a trading ED&F estima que a fabricação de etanol tende a cair 2 bilhões de litros, ou 6,5 por cento, para 28,9 bilhões de litros, após volumes recordes na temporada passada, segundo dados apresentados em evento em São Paulo.
Para o CEO da SCA, Martinho Ono, o principal polo canavieiro do mundo deverá produzir no ciclo vigente 27,32 bilhões de litros de etanol, sendo 17,97 bilhões de hidratado e 9,35 bilhões de anidro. Em 2018/19, a fabricação total foi de 30,08 bilhões de litros.
Quanto ao açúcar, a expectativa da SCA é de que as usinas façam 28,92 milhões de toneladas na safra vigente, versus 26,54 milhões no ano passado.
A ED&F Man, por sua vez, prevê que a produção de açúcar do centro-sul atingirá 29,3 milhões de toneladas, em um aumento de 10,6 por cento ante o ciclo anterior.
Após a produção de açúcar cair cerca de 10 milhões de toneladas na temporada passada, usinas elevarão o total de cana para o adoçante, ainda que o etanol esteja garantindo bons retornos.
As duas tradings apontam que as usinas do centro-sul destinarão mais de 39 por cento de cana para a produção de açúcar, ante pouco mais de 35 por cento em 2018/19.
As projeções da SCA levam em conta uma moagem de 565 milhões de toneladas de cana, queda de 1 por cento na comparação anual. Ao mesmo tempo, a trading espera que o nível de Açúcares Totais Recuperáveis recue 2 por cento, a 136 kg por tonelada de matéria-prima processada.
A SCA Trading ainda projeta produção de 1,18 bilhão de litros de etanol de milho na região, acima dos 757 milhões no ciclo anterior.
PREÇOS
Conforme a SCA, o preço médio do etanol hidratado nas bombas dos postos de combustíveis, tendo por base o Estado de São Paulo, deverá atingir um piso de 2,74 reais por litro nesta safra, entre os meses de maio e junho, quando a produção engrena.
A partir daí, as cotações tendem a subir, com máxima prevista de 3,26 reais por litro em fevereiro do próximo ano, em plena entressafra de cana.
(Por José Roberto Gomes)