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Transição energética: Votorantim e CPP Investimentos criam nova empresa

Publicado 23.03.2023, 16:38
© Reuters.  Transição energética: Votorantim e CPP Investimentos criam nova empresa
AURE3
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Diante do crescente desenvolvimento, em todo o mundo, de iniciativas voltadas para apoiar a transição energética e a descarbonização global, a Votorantim S.A. e o Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments), atuais sócios na empresa de geração renovável Auren Energia (BVMF:AURE3), decidiram criar uma nova investida dedicada a tema esse tema, a Floen.

A empresa tem como foco investir e promover diferentes tecnologias e soluções relacionadas à descarbonização. Estão no radar da Floen negócios em áreas como geração de energia alternativa, biocombustíveis, hidrogênio verde, armazenamento de energia elétrica, gestão e captura de carbono e eficiência energética.

"O tema da transição energética é estratégico para todas as empresas da Votorantim, e a criação da Floen foi a forma que encontramos para, ao lado de um parceiro que compartilha muitas das nossas características, atacar esse desafio com a dose certa de ambição, capacidade e recursos", disse o CEO da Votorantim S.A., João Schmidt.

O responsável pelo programa de investimentos do CPP Investimentos para os setores de Infraestrutura e Energia para a América Latina, Ricardo Szlejf, salientou que o mandato da nova empresa é bem diferente da Auren, que está mais voltada para geração e comercialização de energia renovável.

Ele explicou que, diferente de outras elétricas que buscam se aproximar das temáticas de transição energética por meio de áreas de Inovação ou Pesquisa e Desenvolvimento, as sócias têm como objetivo criar uma plataforma relevante de investimentos. "Não queremos uma linha de negócios 'Outros', mas realmente criar algo grande, transformacional, ligado a esse processo de descarbonização global", disse ao Broadcast Energia.

As sócias não revelaram qual montante de recursos estão dispostas a aplicar. Explicaram apenas que a cada decisão de investimento, aportarão, cada 50% de participação. Os executivos das empresas lembraram apenas que o setor tem demandado muitos investimentos em todo o mundo e citaram dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que apontam que, para atingir as metas de descarbonização do Acordo de Paris, o Brasil precisaria investir cerca de R$ 230 bilhões por ano.

"Mas dado o perfil dos nossos acionistas, dado o contexto desse setor de transição energética, a demanda por investimento e o impacto que a gente quer causar, vão ser valores relevantes, mas serão determinados conforme as oportunidades aparecerem", afirma Raphaella Gomes, que comanda a joint-venture, vinda da Raízen Geo Biogás.

Segundo ela, a intenção é identificar parceiros com negócios ou tecnologias já comprovados, mas que precisam de capital para atingirem nível de eficiência e competitividade. "Não é uma venture capital, não estamos olhando para investir em Pesquisa e Desenvolvimento, mas em empresas que já tenham negócios em escala comercial e que precisem recursos de todo o tipo, não só financeiros, pra escalar seus negócios - que vão desde know-how, experiência operacional, governança", disse, acrescentando que a empresa quer ter participação relevante na investida, de maneira a ter atuação ativa.

A executiva salientou que a Floen tem perfil diferente de um private equity ou fundo de investimento, uma vez que não tem obrigação de investir para depois girar portfólio. "Queremos ter um portfólio robusto, que seja uma plataforma de crescimento para os dois acionistas, e que seja complementar e sinérgico entre si; pode haver rotação de investimento na medida em que fizer sentido pro negócio, não porque bateu um prazo."

O momento macroeconômico desafiador, na visão dos executivos, não é um empecilho, mas um impulsionador para a Floen. "Tanto Votorantim como CPP são investidores de longo prazo, que têm flexibilidade e podem apoiar as empresas ao longo de momentos diferentes do ciclo econômico, são nesses momentos em que nosso capital e nosso conhecimento geram mais valor", disse Szlejf. "A tese da transformação energética, o potencial do Brasil se tornar uma potência verde é tema estrutural, que independe do ciclo macro e das projeções pra 2023 ou 2024, por isso a gente acha que este é justamente o momento de encontrar boas oportunidades", completou.

Mapeamento

Dentre as potenciais oportunidades que despontam no País, no âmbito da transição energética, na visão da executiva, ela salientou iniciativas voltadas para hidrogênio verde, tendo em vista os projetos que estão sendo anunciados - seja a partir de matriz elétrica renovável, seja a partir de biomassa/biometano. "Esse é um setor que tem muito potencial, porque tem muita demanda de hidrogênio verde no mercado interno, para fertilizantes e aplicações industriais, mas também em razão da proximidade geográfica com Europa e EUA, o Brasil também poderia ser um exportador desses produtos", comentou. Ela citou também o mercado de crédito de carbono, biocombustível de aviação e substitutos para produção de minérios.

"Estamos finalizando as nossas análises de quais setores queremos priorizar", disse Raphaella, acrescentando que a empresa já construiu um "pipeline pequeno de boas oportunidades", em estágios diferentes de maturidade. A expectativa da empresa é executar ainda este ano algum investimento.

O CPP já investe em iniciativas ligadas à transição energética globalmente. Em dezembro passado, a organização investiu cerca de US$ 200 milhões na plataforma de "energy as a service" Readaptive, que desenvolve em soluções de eficiência energética. Um ano antes, em dezembro de 2021, investiu US$ 300 milhões na Octopus Energy, uma empresa do Reino Unido que tem uma plataforma tecnológica voltada para gestão - seja de suprimento de energia para consumidores, seja das redes das concessionárias. O CPP apoiou ainda, em 2018, com US$ 240 milhões, a ChargePoint, que tem quase 60 mil pontos de conexão para recarga de veículos elétricos.

"Cada país tem uma oportunidade, no Brasil são outras, mas esse é um pouco o perfil do que estamos buscando", disse Szlejf. Ele não descarta também a possibilidade algumas dessas investidas do CPP em transição energética desembarcarem no País via Floen, mas aponta que esse seria um passo para o futuro.

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