SÃO PAULO (Reuters) - Transportadores de combustíveis de Minas Gerais, conhecidos como "tanqueiros", decidiram nesta tarde encerrar o bloqueio a bases de distribuidoras em Betim (MG), que estava prejudicando o abastecimento dos postos desde quinta-feira, e o fluxo logístico dos produtos está sendo retomado, de acordo com informação do Sindtanque-MG e de representante do setor de distribuição.
A paralisação ocorreu como forma de os transportadores reivindicarem ao governo de Minas Gerais uma redução na alíquota do ICMS no diesel. Segundo eles, o tributo aumenta custos com o combustível dos caminhões.
A bandeira é a mesma do presidente Jair Bolsonaro, que responsabiliza governos estaduais pelo aumento dos preços dos combustíveis devido ao tributo.
A suspensão da paralisação dos "tanqueiros" ocorreu após reunião com distribuidoras, disse o Sindtanque --representante dos manifestantes--, sem entrar em detalhes sobre o que foi conversado.
"Após a sensibilidade das distribuidoras junto às transportadoras de combustíveis e derivados de petróleo do Estado de Minas Gerais, eles resolveram suspender a paralisação até o momento, mas ainda aguardam uma posição do governo do Estado referente às alíquotas dos combustíveis", disse presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes, em um vídeo distribuído pela assessoria de imprensa.
Representante das maiores distribuidoras do país, o IBP confirmou em nota o fim da paralisação em Minas Gerais e disse que "as bases de distribuição estão recebendo os caminhões para carregamento e envio aos clientes".
"O suprimento de combustíveis aos postos deve ser regularizado em breve", completou.
Nesta sexta-feira, postos de combustíveis de Minas Gerais já registravam falta do produto devido aos bloqueios, com escassez mais sentida na região metropolitana de Belo Horizonte, onde filas de veículos se formavam para abastecimento, conforme afirmou mais cedo à Reuters o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda.
Minas Gerais é o segundo maior mercado de combustíveis no Brasil, atrás de São Paulo, segundo a federação.
As ações das principais distribuidoras de combustíveis, incluindo Vibra e Raízen, apresentaram queda acentuada no início desta sexta-feira, reduzindo as perdas posteriormente.
O presidente da Fecombustíveis, ele próprio dono de postos que já estavam com tanques secos, disse ainda em entrevista por telefone que as bases das distribuidoras em Betim, na região da Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras (SA:PETR4), estavam fechadas desde quinta-feira às 6h.
As bases de Betim atendem a um raio de cerca de 350 km, disse Miranda.
As grandes distribuidoras de combustíveis, como Petrobras (SA:BRDT3) (ex-BR), Raízen, joint venture da Shell (NYSE:RDSa) com Cosan (SA:CSAN3), e Ipiranga, do grupo Ultra (SA:UGPA3) preferiram não comentar o assunto individualmente e encaminharam o tema ao IBP.
Um protesto semelhante realizado em importante base de distribuição de Duque de Caxias (RJ) foi encerrado na noite de quinta-feira, segundo o Sindcomb, entidade que representa revendedores de combustíveis do Rio de Janeiro e o IBP.
(Por Roberto Samora; Reportagem adicional de Marta Nogueira)