Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Aproximadamente um quarto da área de milho do Paraná, segundo produtor do cereal no Brasil, apresenta "riscos moderados" de sofrer perdas pelas geadas previstas para quarta e quinta-feira, enquanto as lavouras de trigo e café do Estado devem escapar em sua maioria dos efeitos das temperaturas congelantes, segundo avaliações de especialistas.
"O risco maior está em 26 por cento da área do Estado, nas regiões oeste, centro e no sul", disse o técnico de milho do Departamento de Economia Rural (Deral) Edmar Gervásio.
Perdas na safra do Paraná teriam o potencial de sustentar os preços do milho, em um ano em que o Brasil já registrou quebra de colheita por seca no Centro-Oeste, principalmente, levando criadores de aves e suínos a lidarem com margens apertadas e custos elevados.
Cerca de 50 por cento do milho do Paraná --em fase de frutificação-- está suscetível a sofrer quebra de produtividade pelas geadas. Mas dessas áreas aproximadamente metade está situada em regiões onde as geadas serão mais fracas ou não ocorrerão.
"Em torno 1,2 milhão de hectares (estariam sujeitos a perdas), mas o risco maior está para 500 a 600 mil hectares, em um risco moderado", explicou Gervásio, do Deral, órgão do governo do Estado.
O Paraná semeou, ao todo, 2,2 milhões de hectares na atual temporada.
O Deral informou nesta terça-feira que 3 por cento da área já foi colhida e 45 por cento da safra está em maturação, livre dos efeitos do tempo frio.
Previsões meteorológicas atualizadas nesta terça-feira indicam geadas mais fortes do que o previsto na segunda-feira.
"A massa de ar frio possibilita que a umidade e a nebulosidade diminuam em todas as regiões provocando a formação de geadas...", informou o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
Áreas ao sul do Estado terão as geadas mais fortes. Mas a região de Cascavel, importante produtora de milho, terá geadas moderadas, de acordo com o Simepar, ameaçando as lavouras do cereal.
Geadas moderadas também são projetadas para importantes áreas agrícolas de Castro e Ponta Grossa. Londrina e Maringá, mais ao norte do Estado, terão geadas mais fracas.
A previsão é de que o Paraná poderá colher 12,8 milhões de toneladas na segunda safra do cereal, de um total de quase 53 milhões da safra nacional, segundo previsão divulgada pelo Ministério da Agricultura no mês passado.
TRIGO E CAFÉ
O Paraná, maior produtor de trigo do Brasil, tem este cereal em fases de plantio, germinação e desenvolvimento vegetativo, períodos menos suscetíveis a perdas por geadas.
"Trigo não. Como tem expectativa de que geadas não serão fortes ao norte, onde pode ter alguma coisa entrando em fase reprodutiva... A preocupação maior é milho mesmo", disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.
O Estado, um produtor menor de café do Brasil, está no meio da colheita desse grão. Mas, segundo o Deral, não há riscos significativos para a safra.
A previsão do Simepar para quinta-feira também indica geadas mais fortes ao sul do Estado, moderadas do centro para o norte e mais fracas ao norte, a exemplo do previsto para quarta-feira.
(Por Roberto Samora; edição de Luciano Costa)