SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização de café do Brasil alcançou 89% da produção referente à temporada 2021/22 até está quinta-feira, contra 86% no mês anterior, disse a consultoria Safras & Mercado.
O percentual de vendas supera os 87% registrados no mesmo período do ano passado para a safra anterior, e também está acima da média dos últimos anos para o período (85%).
Segundo a consultoria, já foram negociadas 50,44 milhões de sacas, considerando uma produção de 56,5 milhões de sacas para a temporada.
O realinhamento negativo na curva de preços junto à maior volatilidade dos mercados com a guerra na Ucrânia trouxe um pouco mais de interesse do lado da venda, viu a consultoria.
"Porém esse interesse não se traduziu em volume de negócios... típico de um período de entressafra", disse em nota o consultor da Safras Gil Barabach.
"Cresce a percepção que o pico de mercado já ficou para trás. Essa visão é reforçada diante da proximidade da safra nova. Mesmo assim, o produtor continua na defensiva, alongando posições", acrescentou.
A comercialização do café arábica chegou a 87% da safra 2021/22, ligeiramente acima dos 86% vistos um ano antes e superior à média de cinco anos para período (83%), mostraram os dados.
Já as vendas de grão conilon alcançavam 94% da safra 2021, contra 91% vendido em igual época do ano passado e 89% na média histórica.
De acordo com a consultoria, a menor disponibilidade do grão, por conta da quebra na safra do ano passado, também contribui para o andamento mais lento das vendas na reta final do ano comercial.
Na ponta compradora, a Safras também não vê avidez para fechamento de negócios.
"A maior preocupação entre os exportadores é ajustar o fluxo de embarques, atrasado por conta do gargalo logístico gerado pela pandemia. A grande maioria só deve conseguir reorganizar os embarques da atual temporada em junho e julho, ou seja, já dentro da nova temporada comercial", disse Barabach.
Ele afirmou que nas últimas semanas houve uma aceleração no movimento desses cafés em direção aos portos, o que deve esvaziar um pouco os armazéns e ajudar a manter o ritmo de embarques do Brasil nos últimos meses da temporada.
"Com isso, podemos ter uma melhor noção sobre o potencial de estoques de passagem da safra 2021/22, que promete ser bem baixo", disse ele.
Já o fluxo atrasado dos embarques deve mexer com as posições dos compradores ante a safra brasileira deste ano, ao menos no início da nova temporada. Para o especialista, existe a expectativa do comprador encurtar suas posições, pois os preços altos do café justificam essa postura.
(Por Nayara Figueiredo)