Por Rajendra Jadhav e Mayank Bhardwaj e Shivam Patel
NOVA DELHI (Reuters) - A Índia ordenou nesta quinta-feira a suspensão das exportações de sua principal categoria de arroz, uma medida que reduzirá pela metade os embarques do maior exportador mundial do grão, o que provocou temores de mais inflação nos mercados globais de alimentos.
O governo anunciou o veto à exportação do arroz branco não-basmati após os preços do arroz no varejo subirem 3% em um mês, depois que chuvas de monções tardias, mas pesadas, causaram danos significativos às plantações.
A Índia responde por mais de 40% das exportações mundiais de arroz, e os baixos estoques de outros exportadores significam que qualquer corte nos embarques pode inflar os preços de alimentos, já impulsionados pela invasão russa da Ucrânia no ano passado e pelo clima instável.
"Para garantir a disponibilidade adequada de arroz branco não-basmati no mercado indiano e para conter o aumento dos preços no mercado interno, o governo da Índia alterou a política de exportação", disse o Ministério da Alimentação do país, em comunicado no qual citou um aumento de 11,5% nos preços de varejo em 12 meses.
A categoria impactada, arroz branco não-basmati e quebrado, foi responsável por cerca de 10 milhões de toneladas das 22 milhões de toneladas de exportações indianas de arroz no ano passado.
O governo esclareceu nesta quinta-feira que o arroz parboilizado, que representou 7,4 milhões de toneladas das exportações em 2022, não foi incluído na proibição.
A medida demonstra a preocupação do governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à inflação de alimentos antes das eleições gerais do ano que vem.
O governo de Modi já estendeu a proibição a exportação de trigo depois de restringir os embarques de arroz em setembro de 2022. Além disso, também limitou as exportações de açúcar neste ano, devido à queda na produção de cana.
Tailândia e o Vietnã não têm estoques suficientes para cobrir o déficit, e os compradores africanos seriam os mais afetados pela decisão da Índia, disse B.V. Krishna Rao, presidente da Associação de Exportadores de Arroz à Reuters, acrescentando que muitos países pedirão a Nova Délhi que retome os embarques.
Outros grandes compradores de arroz indiano incluem Benin, Senegal, Costa do Marfim, Togo, Guiné, Bangladesh e Nepal.
A proibição entra em vigor a partir desta quinta-feira, mas com permissão para os navios já em processo carregamento.
(Reportagem adicional de Michael Hogan em Hamburgo)